■ A REPUBLICANIZAÇÃO NO CONCELHO DE ANSIÃO (1999)
A Republicanização no Concelho de Ansião foi o meu 3.º livro, publicado em 1999, com Prefácio do Dr. António Arnaut (que se iniciou como jurista precisamente em Ansião e é poeta, ficcionista, ensaísta, maçon e político que ocupou o cargo de Ministro dos Assuntos Sociais no II Governo Constitucional, tendo fundado, então, o Serviço Nacional de Saúde).
A República logo que se implantou, por via revolucionária na capital, tentou espalhar-se por todo o País. No entanto, a dimensão e organização do Partido Republicano, não podia satisfazer, em curto tempo, tantas solicitações: apoiar o Governo Provisório, vigiar e influenciar a elaboração da Constituição, preparar devidamente as eleições e republicanizar a província.
Por isso, esta última tarefa - a republicanização do país - coube tanto ao Partido Republicano, quanto à expansão maçónica e às associações de propaganda e defesa republicana, que, entretanto, se foram formando.
O presente trabalho, que esteve na base da tese de dissertação de mestrado, apresentada na Universidade do Minho (1999), debruça-se sobre uma destas associações, concretamente a Associação de Propaganda e Defeza Republicana do Concelho de Ancião, tendo por base a análise dos seus estatutos e dos 20 números que se conhecem do jornal O Cavador, que era o órgão oficial desta Associação, e que se publicou, a partir do n.º 2 com alguma regularidade, entre 20 de Agosto de 1911 e 5 de Outubro de 1912.
Como veremos, os responsáveis pela Associação pertenciam à elite intelectual, que passou pela Universidade de Coimbra, perfilhando alguns dos ideais da Geração de 70 e que, por razões de ordem profissional, vieram a fixar-se no concelho de Ansião. Afirmam-se, desde a primeira hora, apartidários, desinteressados pelas lutas eleitorais, crendo só no republicanismo e nos seus princípios doutrinários e democráticos que procurarão "infiltrar no povo de todas as aldeias do concelho", e, se possível, "(...) conseguir nos concelhos vizinhos a constituição de associações de igual natureza e promover a sua federação".
Apesar da efémera duração da Associação, alguns dos nomes dos seus dirigentes mais representativos, que fizeram obra relevante na Região e até no País, ainda hoje são lembrados, quer por terem sido dados a ruas das vilas de Ansião, Chão de Couce ou Avelar, quer por permanecerem como pontos de referência para as gentes das Serras de Ansião.
A educação infantil e popular, a questão religiosa e a separação das Igrejas do Estado, a luta contra os talassas, as festas populares, o combate à pobreza, a polémica da construção de linhas de caminho de ferro que servissem esta região, foram alguns dos problemas que preocuparam e envolveram estes homens que se entregaram, de alma e coração, à propaganda e ao ideário republicanos, acreditando que o novo regime era o remédio para todos os males.
A Republicanização no Concelho de Ansião é uma das publicações indicadas entre os documentos a consultar para a História Parlamentar e Eleitoral da 1.ª República Portuguesa (1910-1926), como se pode ver no link:
Daniel Melo também seleccionou esta publicação que fez constar da Bibliografia relativa ao Associativismo em Portugal, que complementa o artigo do mesmo autor sobre o lugar do associativismo voluntário português no contexto europeu, publicada na OBS – publicação periódica do OAC.
Aparece, igualmente, na lista de dissertações de Historiadores Portugueses Contemporâneos: http://www.brown.edu/Departments/Portuguese_Brazilian_Studies/ejph/html/issue2/html/mastersv1n2_main.html