VIAJANDO NO TEMPO...e no espaço!

Agosto 29 2009

 POUSAFLORES

 
 

 

Brasão: escudo de ouro, com armação de moinho de negro, cordoada do mesmo e vestida e com cabaças de azul; nos cantões do chefe, dois pés de açucenas de verde, floridos de vermelho, com estames de prata; em campanha, um ramo de oliveira de verde, frutado de negro e um ramo de carvalho de verde, frutado de vermelho, com os pés passados em aspa e atados do mesmo. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco, com a legenda a negro: «POUSAFLORES - ANSIÃO».

 

Apontamento Histórico
 
Pousaflores é uma das freguesias do concelho de Ansião. Até 1836 foi concelho autónomo, constituído apenas pela freguesia da sede. Nessa data foi incorporado no concelho de Chão de Couce.
Povoada desde antes da nacionalidade, a freguesia de Pousaflores é uma das que mais recentemente se integrou no concelho de Ansião, juntamente com as freguesias de Chão de Couce e Avelar, a partir de 7 de Setembro de 1895, depois de, todas três, terem constituído o concelho de Chão de Couce, e, mais tarde, pertencido ao concelho de Figueiró dos Vinhos, durante quase quarenta anos, mais concretamente, entre 24 de Outubro de 1855 e 7 de Setembro de 1895.
Pousaflores foi um dos concelhos como o foram cada uma das “Cinco Vilas”. O seu nome aparece no documento real de 4 de Junho de 1451, data da carta de doação desta terra, por parte de D. Afonso V, ao Conde de Vila Real, D. Pedro de Meneses. Mais tarde, já sede de concelho, o Rei D. Filipe I, através de documento datado de 7 de Outubro de 1594, confirmou a doação de D. Afonso V, ao Conde de Vila Real, uma vez, que os sucessores deste, lhe prestaram sempre bons serviços.
Pousaflores foi elevada à categoria de Vila, pela Carta de Foral que lhe foi outorgada pelo Rei D. Manuel, em 12 de Novembro de 1514. Como sede de concelho, teve Câmara, Pelourinho e Justiça própria. Pelo Foral de D. Manuel, os moradores de Pousaflores eram obrigados a pagar, segundo António Augusto da Costa Simões, em cada ano, de pão e tremoços, chegando o monte a catorze alqueires, e ainda que os excedesse, tiravam-se três alqueires a todo o monte; e do resto que ficava, pagavam de seis um. De vinho e linho, de oito um. Neste tempo (século XVI), e de acordo com o cadastro de 1527, Pousaflores tinha no seu termo os seguintes moradores: Aldeia de Lisboa a pequena, 8; Aldeia da Portela, 13; Gramatinhas, Albarrol, Bairrada e Vale da Vide, 22; Aldeia do Pereiro e Cabeço do Boi, 14. Tinha de seu termo, meia légua para os lados da cidade de Coimbra e Vila de Penela, e dois tiros de besta para a de Maçãs de D. Maria.
Pertenceu, sucessivamente, à Comarca de Ourém, à Comarca de Tomar, à Comarca das Cinco Vilas e à Comarca de Ansião, a que ainda pertence actualmente. Foi pertença, tal como as outras vilas vizinhas, do Conde de Vila Real, até à Restauração da Independência, data em que foi transferida para a Coroa, e, logo a seguir, para a Casa do Infantado.
 
A Paróquia de Nossa Senhora das Neves, segundo Américo Costa (Dicionário Chorographico de Portugal Continental e Insular) era vigararia da apresentação do Grão-Prior do Crato. No entanto, o Padre Luís Cardoso, no seu Portugal Sacro-Profano ou Catalogo Alfabético (1767) ao referir-se a Pousaflores, que designa ainda por Pouza-Fóles, escreve: «Freguezia no Bispado de Coimbra, tem por Orago Nossa Senhora das Neves, o Pároco he Vigario da apresentação do Infantado, rende noventa mil reis: dista de Lisboa vinte e sete leguas, e de Coimbra sete, tem duzentos e quarenta e seis vizinhos».
O Dr. António Augusto da Costa Simões que foi médico do Partido das Cinco Vilas e Arega, entre 1843 e 1847, e que escreveu a Topographia Medica (1848), sobre a área geográfica do seu Partido, fornece-nos dados mais pormenorizados e fidedignos acerca da Paróquia de Pousaflores. Revela que em 1712, a Côngrua rendia 90 mil réis, sendo35 mil réis em dinheiro, quatro alqueires de trigo, seis almudes de vinho, seis arráteis de cera, e o resto de pé de altar. Na altura da guerra civil entre liberais e absolutistas (1834), a Côngrua rendia já 40 mil réis em dinheiro, oito arráteis de cera e os mesmos quatro alqueires de trigo e seis almudes de vinho. Apenas 14 anos mais tarde (1848) a Côngrua passou a render 200 mil réis, sendo 130 mil réis de contribuição paroquial, e 70 mil réis de pé de altar e passais.
Segundo o Dr. Costa Simões, em 1848, as capelas do público, existentes na freguesia eram as seguintes: de S. Bartolomeu, no Pereiro de Baixo; de S. Caetano, na Portela de S. Caetano (segundo o autor, nesta capela, no seu tempo, já não se celebrava missa há muitos anos); de S. José, em Lisboinha; de S. Lourenço, na Portela de S. Lourenço; de S. Miguel, no Pessegueiro; de S. Sebastião e de S. Saturnino, em Albarrol (de acordo com o Dr. Costa Simões, na Capela de S. Saturnino também não se diz missa há muitos anos); de Santo António, na Gramatinha; e de Nossa Senhora do Pranto, na Venda do Negro.

 

No Alto da Serra do Anjo da Guarda, desfruta-se uma soberba vista panorâmica sobre os vales serranos, onde existe um moinho de vento, miradouro e relógio de sol. Nesta Serra existem muitos fósseis. São aí excelentes as condições para a caça à perdiz, coelho e lebre e para organização de montadas aos javalis.

 

Igreja Matriz da N.ª Sr.ª das Neves

 

 

A Igreja de Nossa Senhora das Neves, já mencionada nas Memórias Paroquiais de 1758, é de uma só nave, com cobertura em madeira de três planos.
         A fachada é simples, rasgada por uma porta de verga curva e, no piso de cima, uma janela envidraçada com a mesma forma da porta de entrada. Um painel de azulejos, policromado (alusivo à padroeira), encerra a fachada que é rematada por uma cruz latina. Do lado esquerdo do frontispício, uma torre, com quatro arcos sineiros (um para cada ponto cardeal) e mostradores do relógio a que se sobrepõe o tradicional coruchéu e, na sua base, quatro pináculos piramidais, sobre os cunhais da torre.
         A Capela-Mor que era abobadada, e de grande interesse artístico, pela talha dourada que possuía, ardeu há mais de 30 anos. Guarda duas imagens de carácter popular, em pedra, com algum interesse: S. Sebastião (século XV) e a padroeira, Nossa Senhora das Neves. De interesse é ainda a imagem de Santa Maria Madalena.
  
 
Capela da Nossa Senhora do Pranto (Venda do Negro)
  

 

No lugar da Venda do Negro, existe a Capela de Nossa Senhora do Pranto, onde há séculos atrás convergiam muitos peregrinos a pagarem as suas promessas, conforme o Pároco de Ansião refere ao responder ao Inquérito de Paroquial de 1758. Refira-se que a antiga estrada real Lisboa-Porto passava por esta aldeia, numa zona de grande dificuldade que impunha a serra.
         A Capela da Venda do Negro apresenta o frontispício quase totalmente fechado por um alpendre, virado a Poente, e é encimado pela cruz latina. O acesso ao sino faz-se por umas escadas no lado direito. No exterior do parapeito do alpendre encontra-se um painel em pedra: ao centro está a cara de um anjo e vários instrumentos de crucificação.
 
Há quem pense que este painel poderá ter pertencido ao antigo altar. Na vila de Ansião, curiosamente, existe uma pedra secular com desenhos muito parecidos aos do painel desta capela (junto ao antigo depósito de Água, no Cimo da Rua). Na verga da porta da Capela da Venda do Negro está a seguinte inscrição: “DE 1784 ANNO”. Claro que não pode ser a data da construção da Capela, que, obviamente, é muito mais antiga e já é mencionada nas Memórias Paroquiais de 1758. Quando muito será uma data relacionada com obras neste templo.
publicado por viajandonotempo às 11:39

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