Infelizmente os jornais continuam, quase todos os dias, cheios de notícias que dão conta de violência entre homens e mulheres, pelos mais diversos motivos: passionais, ciúmes, interesses económicos, disputas familiares. As mulheres, por regra, são as vítimas!
Ontem assinalou-se o dia da eliminação da violência exercida contra as mulheres, nos meios de comunicação, que, com toda a sua força persuasiva na opinião pública, recordaram os números desse drama, que, infelizmente, ocorre em todas as latitudes e longitudes deste planeta.
Do mesmo modo, as instituições que mais se empenham no combate a este tipo de comportamento criminoso continuam a acusar um aumento de todo o tipo de violência contra as mulheres. Se os locais destes crimes não têm identificação prévia, porque podem suceder em todo o lado, também não podemos dizer que os agressores e as suas vítimas sejam, apenas de um estrato social, não, há gente de todos os estatutos sociais, num papel e noutro.
Há 3 anos atrás, em Portugal, o Ministério da Administração Interna divulgou um número assustador, para a dimensão populacional do nosso país: mais de 20 mil crimes relacionados com violência doméstica, o que dá uma média diária superior a 50 destes crimes. Outro dado divulgado pelas autoridades policiais portuguesas é que os autores destas violências são maioritariamente do sexo masculino, têm 25 anos ou mais anos e, normalmente, são companheiros, namorados, ex-namorados, cônjuges, ex-cônjuges e/ou ex-companheiros das vítimas.
A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) tem uma rede nacional de 15 Gabinetes de Apoio à Vítima e duas Casas de Abrigo, onde acolhem e apoiam todo o tipo de vítimas que se enquadram neste âmbito de violência, como sejam: maus-tratos físicos e psíquicos; ameaças; coação; difamação e injúrias; violação e outros crimes sexuais; subtracção de menores; violação da obrigação de alimentos; homicídio entre outros.
Dez anos mais tarde, a 25 de Novembro de 1991, seria iniciada uma campanha a nível mundial pelos Direitos Humanos das Mulheres, coordenado pelo Centro de Liderança Global da Mulher, que propôs 16 dias de luta contra a Violência sobre as Mulheres, que decorreram entre 25 de Novembro desse ano e 10 de Dezembro, que era precisamente a data de aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em 1948.
Finalmente, em Março de 1999, o 25 de Novembro seria reconhecido pela Organização das Nações Unidas como o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.
Nesse dia, o Secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, proferiu a seguinte mensagem, que continua plena de sentido:
«A violência contra as mulheres causa enorme sofrimento, deixa marcas nas famílias, afectando as várias gerações, e empobrece as comunidades. Impede que as mulheres realizem as suas potencialidades, limita o crescimento económico e compromete o desenvolvimento. No que se refere à violência contra as mulheres, não há sociedades civilizadas. (...) A luta contra este flagelo exige que abandonemos uma maneira de pensar que é ainda demasiado comum e está demasiado enraizada e adoptemos outra atitude. Que demonstremos, de uma vez por todas que, no que toca à violência contra as mulheres, não há razões para ser tolerante nem justificações toleráveis. (...) Devemos trabalhar juntos para criar um ambiente em que a violência contra as mulheres não seja tolerada».
Somos, naturalmente, contra todo o tipo de violência, física e mental, seja de homens sobre mulheres, de mulheres sobre homens, de polícias sobre os cidadãos, dos pais sobre os filhos e vice-versa e de todos os outros tipos. O Homem como ser racional, deve ser capaz de preferir, em todas as circunstâncias e perante todo o tipo de vicissitudes, a palavra, os valores, o bom senso à violência.