Recordando a queda do Muro de Berlim e o fim da “Guerra-fria”
A construção do Muro de Berlim (13-8-1961)
O Muro de Berlim foi um obstáculo físico construído pela RDA (República Democrática Alemã) durante o período a Guerra-fria, que dividia a antiga (e actual) capital alemã, entre Berlim Ocidental e Berlim Oriental. Este Muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, cortando praças e avenidas, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos antagónicos: dum lado, o mundo capitalista ocidental, pluripartidário e democrático, com a sua organização militar defensiva – a NATO, do outro, o mundo socialista, também com a sua aliança militar – Pacto de Varsóvia.
Este Muro foi edificado na madrugada do dia 13 de Agosto de 1961 e tinha as seguintes características: 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas, do lado Leste e 255 pistas para cães de guarda. Este Muro, também chamado da “vergonha”, provocou a morte de pelo menos 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares delas foram presas quando o tentavam atravessar.
No fim da década de 1980, no entanto, a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) – segunda potência mundial e líder do Bloco Socialista – vivia uma situação complicada em termos económicos e sociais. A economia estava estagnada, o governo tinha pouco respeito pela qualidade de vida da população, os investimentos estatais eram quase exclusivamente no sector militar. É neste contexto que chega ao poder Mikhail Gorbatchev (1985) que adopta a “Glasnost” (transparência posta na promoção da liberdade de expressão) e a “Perestroika” (reestruturação da economia baseada no estímulo à iniciativa privada). Mas a URSS sofreu um verdadeiro colapso: faliu economicamente, abdicou do regime político e acabou por se desmembrar, com a independência das antigas Repúblicas Federadas.
No final de 1989, mais concretamente após a queda do Muro de Berlim, no dia 9 de Novembro de 1989, a Europa de Leste acompanhou as mudanças políticas da URSS. Assim, a Hungria, a Polónia, a Checoslováquia, a RDA, a Roménia, a Bulgária, a Jugoslávia e a Albânia, abandonam em definitivo o antigo paradigma político de matriz marxista-leninista. De um modo geral, estes países passaram a realizar eleições livres, abandonaram o regime político das quatro décadas e meia anteriores e adoptaram a economia de mercado.
Um pedaço do Muro de Berlim em Fátima e, ao lado, uma lápide com a seguinte inscrição: «Muro de Berlim / Levantado em 1961.08.13 / Derrubado em 1989.11.09 / Obrigado celeste pastora / por teres guiado / com carinho maternal / os povos / para a liberdade! / (João Paulo II em Fátima 1995.05.12)»
Para o Santuário de Fátima, terra de uma mensagem que valoriza a paz e a concórdia, veio um pedaço do “Muro de Berlim” para que não nos esqueçamos do sofrimento que vivenciaram as pessoas que sentiram, mais de perto, o clima de “Guerra-fria” e para nos lembrarmos de outros “Muros”, físicos e psicológicos, que dividem os homens, quando tudo os devia unir. Efectivamente outros “muros” persistem em manter-se de pé, no Médio Oriente, entre o Norte e o Sul, e, também no interior de cada país, entre os que tudo têm e aqueles a quem tudo falta.
20 anos depois do derrube do Muro alemão, no passado dia 9 de Novembro, Berlim reviveu o histórico acontecimento, voltando a viver uma Festa de Liberdade, partilhada por uma multidão de pessoas que não esquece a realidade anterior a 1989 e por dezenas de líderes políticos de todo o mundo. Enormes peças de dominó, simbolizando as pesadas secções do Muro que durante quase 30 anos dividiu a capital, caíram umas após as outras, quando o ex-Presidente da Polónia, Lech Walesa (também ele uma figura incontornável da luta pela liberdade na Europa de Leste) empurrou a 1.ª, de muitas que tinham sido previamente colocadas numa distância de um quilómetro e meio, frente à Porta de Bradenburgo. Cerca de 100 mil pessoas, resistindo a uma chuva intensa, aplaudiram o gesto como há 20 anos se mostraram eufóricas quando se derrubou o Muro que representaria o fim do comunismo na Europa e o fim da Guerra-fria no Mundo.