122 anos aós a sua morte
Oliveira Martins foi um vulto importante da cultura literária e histórica portuguesas do século XIX. Faleceu há 122 anos (dia 24 de agosto de 1894) e, fazendo jus àquilo que era o seu prestígio nacional, o semanário “O Micróbio”, de 26 de agosto de 1894, dedica-lhe uma página onde escreve que é a «primeira intelligencia do paiz. Trabalhador improbo, caracter impoluto e espirito preclaro – a morte de Oliveira Martins é uma perda nacional (…)».
Também a revista O Occidente, de que foi colaborador, lhe dedica algum espaço. Foi daí que extraímos alguns dos dados biográficos que servem de suporte a este artigo.
Era filho de Francisco Cândido Gonçalves Martins, oficial da Junta do Crédito Público, e de Maria Henriqueta Morais de Oliveira. Neto paterno do desembargador Joaquim Pedro Gomes de Oliveira, que, por duas vezes, foi ministro de D. João VI e membro do governo supremo do reino desde 1820 até se constituírem as Cortes, no dia 26 de janeiro de 1821. Seu pai viria a falecer por ocasião da febre-amarela que em 1857 se manifestou em Lisboa, tinha o filho apenas 12 anos.
Devido à morte do pai e ao facto de ter mais cinco irmãos e não ter recursos para continuar os seus estudos no Liceu de Lisboa, teve de iniciar atividade profissional no comércio e ao mesmo tempo ia prosseguindo os seus estudos conforme as suas possibilidades. Em 1870 foi trabalhar para Espanha, como empregado da Companhia de Minas de Santa Eufémia, em Córdova, onde se manteve até 1874, indo depois fixar-se na cidade do Porto, para desempenhar o cargo de Diretor da exploração do caminho-de-ferro, que ligava o Porto à Póvoa e a Vila Nova de Famalicão.
Em 1878 venceu o concurso da Academia Real das Ciências de Lisboa, com o opúsculo intitulado Circulação Fiduciária, recebendo a medalha de ouro, tendo sido nomeado, também, Sócio Correspondente dessa Academia. Dois anos depois foi eleito Presidente da Sociedade de Geografia Comercial do Porto, onde se manteve até 1882, sendo-lhe conferido, nessa altura, o título de Presidente Honorário desta Sociedade. Neste mesmo ano, também a Real Academia de Espanha lhe atribuiu o diploma de seu sócio correspondente. Torna-se igualmente membro do Instituto de Coimbra. Em 1884, torna-se diretor do Museu Industrial e Comercial do Porto.
Oliveira Martins foi um pensador bastante eclético, com uma cultura profundíssima, e as suas ideias políticas não conseguiram nunca convergir num único ideário partidário, porque tanto podia defender ideais claramente republicanos como monárquicos, anarquistas e liberais como ditatoriais.
Talvez isso explique a sua curta carreira política que começou em 1887, como deputado eleito pelo Porto, tendo sido reeleito para sucessivas legislaturas. Chegou a fazer parte do governo do Conselheiro José Dias Ferreira, como ministro da Fazenda, desde 17 de janeiro de 1892, mas 7 meses depois abandonaria o governo, para se dedicar aos trabalhos literários, que lhe davam maior prazer.
Colaborou em vários jornais, nos periódicos literários e científicos mais importantes do país (como a Revista Científica, Revista de Portugal, Revista de Educação e Ensino, Revista Occidental, Dois Mundos e, entre outras, Renascença) e escreveu importantíssimas obras literárias sendo de destacar algumas das que redigiu como historiador: Portugal nos mares, Navegações e descobrimentos portugueses, História da República Romana, História da Civilização Ibérica e História de Portugal, O Brasil e as Colónias Portuguesas, Os Filhos de D. João I.
Escreveu até morrer. Faleceu na sua residência, em Lisboa, às 6h30 do dia 24 de agosto de 1894, com 49 anos (havia nascido também em Lisboa, no dia 30 de abril de 1845) tendo o corpo seguido para a igreja dos Caetanos, onde decorreram as cerimónias fúnebres, e daí para o Cemitério dos Prazeres.