Óscar Carmona 16-11-1926 a 18-4-1951)
António Óscar de Fragoso Carmona nasceu em Lisboa, no dia 24 de Novembro de 1869 e faleceu na mesma cidade, a 18 de Abril de 1951. Político e militar português, filho (o pai foi o general Inácio Maria Machado de Morais Carmona) e neto de militares, foi o décimo primeiro Presidente da República Portuguesa (último da Ditadura Militar e primeiro do Estado Novo). Morreu no exercício do cargo.
Óscar Carmona foi um dos conspiradores do 28 de Maio de 1926, tendo assumido o poder após o derrube do general Gomes da Costa, como Presidente do Conselho de Ministros (9 de Julho de 1926), sendo nomeado, posteriormente, Presidente da República (16 de Novembro de 1926).
Apesar de, na prática, se ter tornado Presidente logo após o derrube de Gomes da Costa (9 de Julho), só viria a assumir efectivamente a presidência a 16 de Novembro.
Foi eleito em 1928, ainda durante a Ditadura Militar, dando início ao período denominado Ditadura Nacional, e reeleito, já na vigência da Constituição de 1933, em 1935, 1942 e 1949, não concluindo o último mandato por ter falecido no decurso do mesmo.
Óscar Carmona foi nomeado marechal do exército em 1947.
Uma das obras publicadas foi “O novo regulamento para a Instrução Táctica de Cavalaria” in Revista Militar, n.º 11, Novembro 1913.
Na sua primeira passagem pelo poder, ainda durante a 1.ª República, como Ministro da Guerra, reprimiu a "intentona radical" (13.12.1923). Mas foi o seu papel como promotor militar no julgamento da "Sala do Risco" dos responsáveis pelo 18.4.1925, que lhe deu uma projecção nacional, já que pediu e obteve a absolvição dos implicados, com base no argumento de que a "pátria estava doente" e precisava portanto de cirurgiões de espada.
Foi fundamental o seu papel durante o conturbado processo político-militar que, muito por intervenção sua a favor de Salazar, levou à institucionalização do Estado Novo. Não mantinha com ele relações pessoais aquando da nomeação para ministro das Finanças (27.4.1928), mas desde muito cedo este ganha a sua confiança. Foi já graças a Carmona que conseguiu, sendo civil, ser nomeado presidente do Ministério (5.5.1932). E se depois da institucionalização do regime com a aprovação da nova Constituição (11.4.1933) a intervenção activa de Carmona nos assuntos correntes passou a ser escassa ou nula, o que alguns observadores estrangeiros, associam à doença que o teria afectado (1935), a verdade é que tal se ajustava ao seu perfil, e continuava a ser figura fundamental para a solidificação do regime a nível do seu pilar militar.
Carmona surgia como a solução ideal para três questões fundamentais para o regime:
«as relações entre os militares; as relações entre os militares e os políticos; e as relações entre monárquicos e republicanos. Exercendo um poder simbólico, arbitral e criador de consensos. Parece fora de dúvida que Salazar não teria podido afastar Carmona da forma que fez com Craveiro Lopes. Mas também parece pouco provável que Carmona se empenhasse, em algum ponto - e mesmo, que nos anos 40 tivesse, num Exército cada vez mais dominado por Santos Costa, a força - para afastar Salazar, a não ser no curto período (1943-1944) em que contaria com o apoio aliado. Não conclui o seu quarto mandato, pois morreu no cargo, apenas dois anos após a sua eleição, tendo sido enterrado no Panteão Nacional em funeral oficial com toda a pompa. Tinha sido Presidente da República durante um quarto de século. É por isso o Presidente da República que mais tempo permaneceu em funções, e previsivelmente continuará a sê-lo, tendo em conta a actual legislação sobre o limite de mandatos sucessivos».
Craveiro Lopes (21-7-1951 a 9-8-1958)
Francisco Higino Craveiro Lopes nasceu em Lisboa, no dia 12 de Abril de 1894 e faleceu na mesma cidade, a 2 de Setembro de 1964. Político e militar português foi o décimo terceiro presidente da República Portuguesa (segundo do Estado Novo), entre 1951 e 1958. Craveiro Lopes era filho do general e governador-geral da Índia Portuguesa, João Carlos Craveiro Lopes.
Desde a morte de Óscar Carmona até à eleição de Craveiro Lopes, exerceu interinamente o cargo de Presidente da República, António de Oliveira Salazar, de 18 de Abril de 1951 a 21 de Julho de 1951
Frequentou e concluiu o Colégio Militar a 23 de Julho de 1911, após o que ingressou na Escola Politécnica de Lisboa. Ainda em 1911, alistou-se como voluntário no Regimento de Cavalaria 2.
Como primeiro sargento-cadete tira o curso de Cavalaria na antiga Escola do Exército, ingressando posteriormente na Aeronáutica Militar.
Em 1915 é mobilizado para a fronteira Norte de Moçambique, onde em Novembro de 1916, defronta as tropas alemãs durante a Primeira Guerra Mundial e se distingue com bravura na defesa do forte de Newala e combates de Kiwambo. Recebe por estas acções em 1917, aos 23 anos, a Cruz de Guerra e é feito Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada.
Em 1918 tirou o curso de piloto militar, na Escola de Aviação francesa, em Chatres, sendo na altura promovido a tenente, seguindo, ainda nesse ano, para Moçambique.
Em Março de 1922, exerce as funções de instrutor de pilotagem, como capitão piloto aviador.
Em 1926, colocado na Aeronáutica Militar, é nomeado director da Divisão de Instrução da Escola Militar, cargo que exerce até 1929, voltando a exercer a mesma função em 1932, e também em 1939, por curtos períodos.
Fez o levantamento aéreo de Goa, Damão e Diu (1929) e ainda o 1.º voo de Correio aéreo Goa-Bombaim-Goa num avião monomotor De Havilland DH-80A "Puss Moth" (em 1930).
Nesse mesmo ano, como major, exerce as funções de chefe da Repartição do Gabinete do governador-geral da Índia.
De 1933 a 1934 ocupa a chefia do Gabinete do governador-geral da Índia, cargo que volta a exercer alguns meses em finais de 1936. É, em 1934, governador interino do distrito de Damão, cargo mais tarde confirmado com as atribuições de intendente, sendo mesmo encarregado do Governo-Geral da Índia em 1936, a título interino, cargo que desempenha até 1938.
Comandante-geral da Aeronáutica em 1941 negoceia as condições de utilização da Base Aérea dos Açores pelos Estados Unidos, após o que é designado comandante da Base Aérea dos Açores.
Em 1943, tira o curso de Altos Comandos e é chamado para o Instituto de Altos Estudos Militares com funções docentes.
De 1944 a 1950, exerce as funções de comandante-geral da Legião Portuguesa.
Em 1951 é nomeado comandante da terceira Região Militar, cargo que acumula com as funções docentes no Instituto de Altos Estudos Militares.
Nesse mesmo ano, pouco após a morte de Carmona, é indigitado pela União Nacional como candidato às eleições presidenciais, sendo eleito a 21 de Julho de 1951.
Apesar de ter sido julgado um candidato capaz de suscitar consensos, cedo viria a revelar a sua frieza nas relações com o Presidente do Conselho e a demonstrar até uma certa simpatia pelos oposicionistas.
«Ao ser eleito nada fazia prever que esta Presidência acabasse por ser problemática, um verdadeiro estorvo, para o regime. Os problemas surgiram desde o início.
Entre Craveiro Lopes e o presidente do Conselho as relações foram sempre frias e formais. O feitio das duas personalidades nunca poderia produzir relações amistosas. Poderia, no entanto, ter havido alguma empatia o que nunca se verificou.
Craveiro Lopes com o decorrer dos anos vai-se sentindo cada vez mais humilhado e vexado. Os discursos eram modificados, os projectos recusados ou protelados, as convocações da Presidência ao Governo ignoradas».
Por isso mesmo, não foi proposto para um segundo mandato presidencial.
Depois de retirado da política activa, foi feito Marechal da Força Aérea; ao mesmo tempo, manteve sempre os contactos com os líderes da Oposição, e parece ter estado associado ao golpe de Botelho Moniz, em Abril de 1961.
Veio a falecer em Agosto de 1964, aos 70 anos, durante a noite, em situação pouco clara (supõe-se vítima de enfarte de miocárdio).