“REVOLUÇÃO DOS CRAVOS” FAZ HOJE 35 ANOS
Nunca será de mais lembrar que Portugal vive em democracia há precisamente 35 anos. Antes, o regime que mais se aproximara desta prática política (que apesar das suas limitações é, ainda assim, o menos mau dos regimes políticos até hoje conhecidos e implementados) foi a efémera Primeira República, que vigorou em Portugal, entre 1910 e 1926.
Portugal vivia em ditadura desde o dia 28 de Maio de 1926, ou seja há quase meio século. Primeiro foi a “Ditadura Militar”, depois foi o “Estado Novo”. Quantos heróis da liberdade, foram presos ou perderam a vida na luta pelos ideais democráticos, que as polícias ao serviço de um Estado autoritário perseguiam, prendiam, torturavam e matavam!?
O mal-estar político, social e económico; a guerra colonial, o atraso estrutural do país foram razões fortes para que os militares portugueses de há 35 anos atrás protagonizassem a última grande revolução da história portuguesa contemporânea.
É verdade que nem todos os ideais de “Abril” se cumpriram! É verdade que persistem injustiças! É verdade que continuam a haver ricos e pobres! É verdade que nem todos são iguais no acesso a cargos políticos! É verdade que muito há ainda para fazer a favor de Portugal e de todos os portugueses. Mas, genericamente, a qualidade de vida do povo português é incomparavelmente melhor do que era até há 35 anos atrás.
Há eleições livres para todos os órgãos de poder, há liberdade de reunião e de expressão. As pessoas podem criticar o poder e as suas decisões quando não concordam com elas. Não há polícia política nem presos políticos. Portugal integra a União Europeia e é respeitado pela comunidade internacional. Tudo isto é fruto da Revolução do 25 de Abril de 1974.
Porque é que o 25 de Abril é chamada a Revolução dos Cravos?
Há mais do que uma versão para a justificação do nome. Numa das versões diz-se que uma senhora que ia trabalhar, chegou à empresa e como era dia de aniversário o patrão tinha comprado cravos para oferecer, nesse dia festivo, às senhoras que trabalhavam na casa. Só que a notícia da Revolução levou o patrão a dispensar as pessoas nesse dia. Esta Senhora pegou nos cravos e distribuiu-os pelas armas dos soldados que faziam a revolução nas ruas de Lisboa, colocando um cravo em cada cano de espingarda.
Outra versão afirma que foi uma florista lisboeta que, tão contente com a Revolução, resolveu distribuir todos os cravos que tinha para venda pelas espingardas dos militares revolucionários.
Duma forma ou de outra, o cravo tornou-se o símbolo de Abril, porque nesse dia as metralhadoras não dispararam balas, no lugar delas foram os cravos que simbolizaram paz, esperança, liberdade, democracia, desenvolvimento, vida melhor para todos os portugueses!
25 DE ABRIL
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen
Clique no link abaixo, para recordar algumas canções de intervenção:
http://marius708.com.sapo.pt/Cantores%20de%20Intervencao.html
E neste link, fica com alguns testemunhos sobre o "25 de Abril" na 1.ª pessoa:
http://mediaserver.rr.pt/RR/Flashs/25abril_final/cunha/index.html
Outros dados sobre o 25 de Abril no seguinte endereço:
http://sites.google.com/site/maugustodias/home
CRONOLOGIA DA REVOLUÇÃO DO “25 DE ABRIL” DE 1974
23 de Abril
Otelo Saraiva de Carvalho entrega, a capitães mensageiros, sobrescritos fechados contendo as instruções para as acções a desencadear na noite de 24 para 25 e um exemplar do jornal a Época, como identificação, destinada às unidades participantes.
24 de Abril
O jornal República, em breve notícia, chama a atenção dos seus leitores para a emissão do programa Limite dessa noite, na Rádio Renascença .
24 de Abril - 22:00 horas
Otelo Saraiva de Carvalho e outros cinco oficiais ligados ao MFA já estão no Regimento de Engenharia 1 na Pontinha onde, desde a véspera, fora clandestinamente preparado o Posto de Comando do Movimento. Será ele a comandar as operações militares contra o regime.
24 de Abril - 22:55 horas
A transmissão da canção " E depois do Adeus ", interpretada por Paulo de Carvalho, aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa, marca o ínicio das operações militares contra o regime.
25 de Abril - 00:20 horas
A transmissão da canção "Grândola Vila Morena" de José Afonso, no programa Limite da Rádio Renancença, é a senha escolhida pelo MFA, como sinal confirmativo de que as operações militares estão em marcha e são irreversíveis.
25 de Abril - Das 00:30 às 16:00 horas
Ocupação de pontos estratégicos considerados fundamentais ( RTP, Emissora Nacional, Rádio Clube Português, Aeroporto de Lisboa, Quartel General, Estado Maior do Exército, Ministério do Exército, Banco de Portugal e Marconi).
Primeiro Comunicado do MFA difundido pelo Rádio Clube Português
Forças da Escola Prática de Cavalaria de Santarém estacionam no Terreiro do Paço.
As forças paramilitares leais ao regime começam a render-se: a Legião Portuguesa é a primeira.
Desde a primeira hora o povo vem para a rua para expressar a sua alegria.
Início do cerco ao Quartel do Carmo, chefiado por Salgueiro Maia, entre milhares de pessoas que apoiavam os militares revoltosos. Dentro do Quartel estão refugiados Marcelo Caetano e mais dois ministros do seu Gabinete.
25 de Abril - 16:30 horas
Expirado o prazo inicial para a rendição anunciado por megafone pelo Capitão Salgueiro Maia, e após algumas diligências feitas por mediadores civis, Marcelo Caetano faz saber que está disposto a render-se e pede a comparência no Quartel do Carmo de um oficial do MFA de patente não inferior a coronel.
25 de Abril - 17:45 horas
Spínola, mandatado pelo MFA entra no Quartel do Carmo para negociar a rendição do Governo.
O Quartel do Carmo hasteia a bandeira branca.
25 de Abril - 19:30 horas
Rendição de Marcelo Caetano. A chaimite BULA entra no Quartel para retirar o ex-presidente do Conselho e os ministros que o acompanhavam, levando-os, à guarda do MFA para o Posto de Comando do Movimento no Quartel da Pontinha.
25 de Abril - 20:00 horas
Disparos de elementos da PIDE/DGS sobre manifestantes que começavam a afluir à sede daquela polícia na Rua António Maria Cardoso, fazem quatro mortos e 45 feridos.
26 de Abril
A PIDE/DGS rende-se após conversa telefónica entre o General Spínola e Silva Pais director daquela corporação.
Apresentação da Junta de Salvação Nacional ao país, perante as câmaras da
RTP.
Por ordem do MFA, Marcelo Caetano, Américo Tomás, César Moreira Baptista e outros elementos afectos ao antigo regime, são enviados para a Madeira.
O General Spínola é designado Presidente da República.
Libertação dos presos políticos de Caxias e Peniche.
27 de Abril
Apresentação do Programa do Movimento das Forças Armadas.