PATRIMÓNIO DE MAIOR DESTAQUE
CAPELA DA MISERICÓRDIA
Exterior da Capela da Misericórdia
Adossada ao edifício da Câmara Municipal e de implantação destacada no largo fronteiriço à Igreja Paroquial, situa-se a Igreja da Misericórdia construída nos finais do século XVII, princípio do XVIII.
De planta longitudinal é composta por nave e capela-mor. No pano único da fachada, delimitado por cunhais de cantaria, rematado por acrotério no lado esquerdo, destaca-se o portal ladeado por colunas clássicas rematadas por pináculos sobre a arquitrave. O frontão, preenchido por lavores envolutados que enquadram um nicho, desprovido de imagem, encimado por cruz a cujo nível se abrem 2 janelões rectos com cornija. Remata o frontão um óculo aberto no tímpano. Fachada adossada a edifício contíguo, que apresenta platibanda na continuidade do remate da fachada principal, prolongando-se ao longo dos edifícios adossados, criando uma unidade arquitectónica do conjunto.
Interior da Capela da Misericórdia
No interior apresenta uma nave única de pavimento em tábua corrida e tecto de madeira disposto em três planos; no degrau de mármore que antecede a capela-mor tem, no lado da epístola, uma sepultura rasa e do lado do evangelho parte um lanço de escada, adossado à parede, que acede à bacia do púlpito, de base quadrangular, sustentada por duas mísulas envolutadas; dois altares de arco pleno ladeiam arco triunfal pleno que acede por grade à capela-mor de pavimento em mármore e tecto em abóbada de berço com as armas reais pintadas ao centro.
Na Capela-Mor o Altar-Mor é em talha polícroma, dourada e pintada, no século XIX, pelo entalhador José Mendes da Silva, rematado em frontão interrompido com resplendor, e integra uma imagem de Nossa Senhora do Pranto, que tem sido atribuída ao famoso escultor portuense Teixeira Lopes, o mesmo artista que esculpiu a Nossa Senhora de Fátima que se encontra na Cova de Iria. Em nichos laterais, tem as imagens da Rainha Santa Isabel (lado esquerdo) e de S. Francisco Xavier (lado direito).
Imagem de Nossa Senhora do Pranto, de Teixeira Lopes
A iluminação é feita pelos janelões e óculo do frontespício e janelas da nave e capela-mor. No pavimento da nave, junto da capela-mor destaca-se a sepultura brasonada dos Condes de Vila Nova; na parede lateral da nave, do lado da epístola, encontra-se uma lápide alusiva ao Fundador, Doutor António dos Santos.
CAPELA DE NOSSA SENHORA DA PAZ (CONSTANTINA)
Aspecto do exterior da Capela da Constantina
A cerca de dois quilómetros a Nordeste de Ansião, num vale que segue até à Lagarteira, encontramos a povoação de Constantina.
A sua Capela é uma jóia da arte religiosa na paróquia de Ansião. Trata-se de um belo e espaçoso templo, edificado no século XVII, na sequência do milagre da Fonte Santa, para acolher os peregrinos que ali acorriam em grande número, na busca de “remédio” para os seus problemas e sofrimentos ou para agradecerem à Senhora da Paz os benefícios recebidos.
Quem vem do lado da Fonte Santa, depara com uma larga escadaria de pedra que dá acesso a uma galilé alpendrada, com cobertura assente em dez colunas. A data de 1623 que se encontra na verga da porta principal, indica, provavelmente à data da construção. No campanário tem a data de 1692, e o sino exibe a legenda: “SNRA DA PAZ ORA PRO NOBIS”, e a data de 1746.
O interior evidencia ainda a época áurea de outros séculos, quando esta localidade era o centro de convergência de inúmeros peregrinos. De nave única, o tecto é em madeira, e o púlpito e escada são em pedra. Tem coro em madeira, a que se acede por uma estreita escada lateral. Tem dois altares colaterais com mesa de pedra, retábulo de talha dourada e nichos, um dedicado a Santo António (o do lado esquerdo), o outro, a S. Bento (o do lado direito). Estes altares foram recuperados em 1993 pelo departamento de Arte e Arqueologia da Escola Superior de Tecnologia de Tomar.
O belo e gigantesco arco cruzeiro, em cantaria, faz a ligação da nave à Capela-mor e é lavrado e decorado por losângulos e assente em colunas salomónicas e motivos geométricos ornamentais.
O tecto da Capela-mor é constituído por 35 caixotões decorados com laçarias, ramos de plantas, conchas, motivos geométricos, torres, igrejas e árvores; os do fecho têm entre a ramagem, a coroa real da dinastia de Bragança.
Nas paredes laterais encontram-se telas pintadas com motivos alusivos ao Génesis. Na parede lado Sul: Eva a colher a maçã da árvore onde a serpente se envolveu; Adão e Eva juntos à árvore da vida; e, por último, Deus, Adão e Eva (com inscrição).
A parede lateral Norte da Capela-mor possui quatro retábulos com telas que representam o Anjo no momento da expulsão; a Expulsão de Adão e Eva; os filhos de Adão e Eva: Caim e Abel (Caim mata Abel); e Nossa Senhora da Conceição tendo nos pés a serpente.
Retábulo da Capela-mor da Capela de Nossa Senhora da Paz (séc. XVII)
O retábulo do Altar-mor é constituído por dois níveis com cinco pinturas seiscentistas sobre tábua de carvalho:
No plano inferior, do lado esquerdo da imagem de N.ª Sr.ª, está uma pintura de Jesus Cristo com três lanças apontadas ao coração de Maria; do outro lado, a Visitação de Maria a Santa Isabel; ao centro a imagem da Nossa Senhora sobre um pequeno estrado suportado por três cabeças de anjos;
No plano superior à Imagem da N.ª Sr.ª está uma pintura de N.ª Sr.ª que investe um bispo, entregando-lhe acasula (veste litúrgica para a celebração da missa), a mitra (insígnia eclesiástica que cobre a cabeça) e o báculo (bordão); do lado esquerdo, uma pintura mais pequena retrata o nascimento de Jesus; e, do outro lado, a Virgem com o menino ao colo.
A capela tem Confraria com livro de estatutos e compromissos datado de 1623, assinado por D. Filipe III de Portugal. Este bonito templo, rico pela sua história e pela arte pictórica que ostenta, está em vias de classificação.
CAPELA DE S. JOÃO DAS LAGOAS
Nos arredores de Ansião, um pouco a Norte e integrada na Quinta das Lagoas, encontra-se a Capela de S. João, recentemente restaurada durante o Verão de 2001.
No princípio do século XIX havia sido incendiada pelos franceses (tal como tinha acontecido com a Capela do Senhor do Bonfim) tendo-se mantido quase dois séculos em estado de abandono e quase ruína.
A fachada é encimada por uma cruz latina, por baixo da qual existe um óculo tetralobado e, mais abaixo, a porta principal do templo. Em ambos os lados da fachada, duas torres sineiras.
Duas largas pilastras de cantaria separam a fachada do corpo principal do templo, das duas torres laterais abertas por um campanário em arco alteado e rematadas por abóbadas boleadas. A pedra da construção das paredes e torres não é revestida com nenhum material.
No interior, apresenta uma única nave de pavimento lajeado, iluminada por dois janelões de cada lado. Apresenta um arco triunfal de volta perfeita com voluta no fecho e intradorso do lintel revestido por florões e grinaldas, assente em pilastras de moldura vazada com base cúbica e capitel quadrangular de perfil chanfrado, dá acesso à capela-mor.
A capela manteve até 1955 o brasão de armas dos Noronha e dos Mendes de Tânger.
IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
Fachada principal do templo
A actual igreja data de finais do século XVI (mais precisamente 1593, que é a data inscrita na verga da porta principal), mas tudo indica, que anteriormente, mais para Oeste da Vila, teria existido uma primitiva matriz, ainda hoje recordada na toponímia local por “Igreja Velha”, na zona da fábrica de têxteis da antiga CUF.
O templo actual, no centro da vila, apresenta uma fachada simples, com uma imagem em pedra da Nossa Senhora da Conceição, que é a padroeira da paróquia, com a inscrição: “1 95/ I ANVA CLAVSA/ MANT.DIVINO./ PERVIA.SOLI“, com data provável de construção no século XVI.
Retábulo com a imagem da Padroeira (séc. XX)
A Igreja matriz de Ansião é rodeada por um adro, com o piso calcetado, mais espaçoso na parte oeste e sul. A separá-lo da Rua por onde se faz o acesso (Dr. Pascoal José de Melo) tem um muro com gradeamento em ferro e uma escadaria de acesso à entrada principal. Do lado sul, quase pegado à Igreja, está o Salão Paroquial.
No interior, o templo é amplo, apresentando três naves, divididas entre si por cinco arcos em alvenaria que assentam sobre colunas toscanas e o pavimento é em madeira. A Capela-mor, separada da nave central por um arco de volta perfeita, mantém o chão em pedra, uma cobertura em abóbada com caixotões em cantaria e o retábulo, dedicado a Nossa Senhora da Conceição, é contemporâneo. Até meados do século XX, a Capela-mor era revestida a azulejos azuis e brancos, hispano-árabes, provavelmente do início do século XVI.
Interior da Igreja Matriz de Ansião
Ao cimo de cada uma das naves laterais há altares, já tardios, em talha dourada.
No lado esquerdo do templo, logo à entrada, existe o baptistério inscrito numa capela de arco alteado, com pia baptismal seiscentista. No lado direito, já para lá da porta do sol, destacam-se duas capelas:
- Uma com arco de cantaria lavrado e tecto também em pedra, decorada com uma imagem de pedra de Santo Aniano, do século XVII, em nicho ao lado da Cruz, e outra imagem da Santa Teresa do Menino Jesus. Esta Capela do início do século XVII, foi mandada construir por André Fernandes e esposa que aí estão sepultados.
- Na outra capela, ao lado, destaca-se um baixo-relevo da Renascença Coimbrã em pedra representando um lindo e valioso Calvário (século XVI).
Há quem diga que a igreja terá sido fundada por uma tal Dona Domingas, tendo por base uma inscrição ao cimo da nave lateral direita, junto do altar dedicado à Padroeira, onde se lê: “TEM ESTA CONFRARIA DUAS MISSAS DE OBRIGAÇAO PARA SEMPRE PELA ALMA DE DOMINGAS FREIRE”.Só que tal inscrição pode muito bem ter-se ficado a dever apenas a alguma importante doação que a mesma Domingas tenha feito à referida Confraria.
A Igreja e a respectiva torre sineira têm sofrido obras de restauro ao longo dos séculos. O actual relógio, com quatro mostradores (um em cada fachada) substituiu, em 24 de Fevereiro de 1957, um muito mais antigo que, entretanto avariara.
A festa da Padroeira realiza-se, desde há muitos anos, no dia 8 de Dezembro.
Nos últimos tempos esta que é uma das Paróquias da Diocese de Coimbra com mais prática religiosa comprovada.