■ O MUNICÍPIO DE ANSIÃO NA PRIMEIRA REPÚBLICA (1998)
O Município de Ansião na Primeira República, com prefácio do insigne historiador Professor Doutor Vitorino Magalhães Godinho (ministro da Educação e Cultura dos segundo e terceiro governos provisórios), foi a 2.ª publicação da minha autoria, editado em 1998.
A Primeira República Portuguesa (1910-1926), ao contrário do que se possa pensar, não se ficou apenas por Lisboa. Um pouco por todo o país, a nova elite, farta de problemas, praticamente irresolúveis no quadro da gestão monárquica, aderiu esperançada ao regime republicano.
Homens de grande cultura e não menos fortuna (médicos, advogados, proprietários, comerciantes, funcionários públicos, professores) aderiram entusiasticamente ao novo regime e tudo fizeram para que o povo, saísse da tradicional ignorância em que a miséria o mantinha. A República afigurava-se como o melhor remédio para todos os males de que padeciam a Pátria e o Povo.
O concelho de Ansião, no centro de Portugal, foi um dos que revelou maior dinamismo, no Norte do distrito de Leiria, quer no que respeita à propaganda republicana, quer quanto à acção desenvolvida pelos agentes do poder local. Prova-o a larga adesão popular aos comícios e festas republicanas, as vitórias do Partido Democrático nas eleições administrativas e legislativas, o esforço assumido no campo do ensino e a luta pelo progresso e desenvolvimento do concelho.
Este livro é a primeira parte de um estudo mais vasto (a dissertação do Mestrado em História das Instituições e da Cultura Moderna e Contemporânea, também já publicada, permitiu estudar, com mais profundidade, o que foi a propaganda republicana, no concelho de Ansião, no contexto da Primeira Republica, as lutas políticas em torno da mudança estrutural das mentalidades que se pretendeu levar a efeito e as polémicas que desencadeou entre as facções republicanas locais - foi a 2.ª parte deste estudo), e tem como principal objectivo, dar a conhecer a realidade deste concelho no princípio do século (últimos anos da Monarquia e Primeira República), nos aspectos político, social, económico e cultural.
Na primeira década do século XX, quando se implantou a República, Ansião era uma pequena vila, sede de uma freguesia que não chegava a 2 500 habitantes, situada no Norte do distrito de Leiria, província da Estremadura, diocese de Coimbra. Era sede de concelho (com a dimensão actual, onde residiam cerca de 14 mil habitantes), de arciprestado e de comarca. Pertencia à 5.ª divisão militar, 10.ª brigada, grande circunscrição militar do Centro e ao distrito de recrutamento e reserva n.º 15, com sede em Tomar, e integrava a circunscrição escolar de Leiria. Servida pela estação ferroviária de Pombal, de que dista cerca de 20 quilómetros, tinha escolas primárias de ambos os sexos, uma estação telégrafo-postal com serviço de vales, telégrafo, encomendas e cobrança de recibos, letras e obrigações. No princípio do século, a vila de Ansião dispunha de Misericórdia, Hospital (com o nome de N.ª Sr.ª do Pranto), Tribunal, Cadeia, Hotel, Médico, Farmácia, Tabelião, Sociedades de Recreio, designadamente uma Filarmónica, um Club e o Gremio Ancianense.
Este livro é uma das publicações indicadas pela Biblioteca Nacional entre os documentos de referência a consultar para a História Parlamentar e Eleitoral da 1.ª República Portuguesa (1910-1926) cf. link: