VIAJANDO NO TEMPO...e no espaço!

Maio 20 2017

Módulo 7

 

Conteúdos

Conceitos/

Noções

1.1. Um novo equilíbrio global
- A geografia política após a Primeira Guerra Mundial. A Sociedade das Nações.
- A difícil recuperação económica da Europa e a dependência em relação aos Estados Unidos.
1.2. A implantação do marxismo-leninismo na Rússia: a construção do modelo soviético.

 

1.4. Mutações nos comportamentos e na cultura
- As transformações da vida urbana e a nova
sociabilidade; a crise dos valores tradicionais; os
movimentos feministas.
- A descrença no pensamento positivista e as novas
conceções científicas.
- As vanguardas: ruturas com os cânones das artes e da
literatura.
1.5. Portugal no primeiro pós-guerra
- As dificuldades económicas e a instabilidade política e
social; a falência da 1.ª República.
- Tendências culturais: entre o naturalismo e as
vanguardas.

 

 

 

2.2. As opções totalitárias
- Os fascismos, teoria e práticas: uma nova ordem
nacionalista, antiliberal e antissocialista; elites e
enquadramento das massas; o culto da força e da
violência e a negação dos direitos humanos; a autarcia
como modelo económico.
- O estalinismo: planificação da economia, coletivização
dos campos, burocratização do partido; repressão.

 

2.3. A resistência das democracias liberais
- O intervencionismo do Estado.
- Os governos de Frente Popular e a mobilização dos
cidadãos.

 

2.5. Portugal: o Estado Novo
- O triunfo das forças conservadoras; a progressiva
adoção do modelo fascista italiano nas instituições e
no imaginário político.
- Uma economia submetida aos imperativos políticos: prioridade à estabilidade financeira; defesa da
ruralidade; obras públicas e condicionamento
industrial; a corporativização dos sindicatos. A política
colonial.
- O projeto cultural do regime.

-Soviete
-Ditadura do proletariado
-Centralismo democrático
-Comunismo
-Marxismo-leninismo*

 

-Anomia social
-Feminismo
-Relativismo
-Psicanálise
-Modernismo*
-Vanguarda cultural*
-Expressionismo
-Fauvismo
-Cubismo
-Abstracionismo
-Futurismo
-Dadaísmo
-Surrealismo

 

-Totalitarismo*
-Fascismo*
-Nazismo*
-Corporativismo*
-Antissemitismo
-Genocídio
-Propaganda

 

 

-Intervencionismo*
-New Deal

 

 

Um novo equilíbrio global: o novo mapa político do pós-guerra / A SDN (Sociedade das Nações)

Terminada a 1.ª Guerra Mundial (1914-1918) foi necessário reorganizar o mapa político da Europa e estabelecer uma nova ordem internacional. Os tratados de paz assinados em 1919 e 1920 alteram profundamente o mapa político europeu (desintegraram-se os impérios: Alemão, Austro-húngaro, Russo e Otomano que dão origem a novos países independentes, sobretudo no leste Europeu). Deste modo, a realidade política e étnica foi substancialmente modificada, criando novos problemas no relacionamento entre as nações.

Na sequência da “Conferência de Paris” (1919) foi fundada a SDN (Sociedade das Nações) com o objetivo prioritário de estabelecer uma nova ordem internacional, em que as relações entre estados seriam reguladas pelo direito internacional, evitando assim o recurso à guerra para resolução dos conflitos. A sua sede foi em Genebra (Suíça) e os seus órgãos eram: o Secretariado, Conselho, Assembleia Geral, Tribunal Internacional de Justiça e Comissões especializadas. O facto dos EUA não a integrarem e de ser obrigatória a unanimidade de decisões limitou a sua eficácia que foi posta definitivamente em causa com o eclodir da 2.ª Guerra (1939).

 

A crise do pós-Guerra /A difícil recuperação económica

A Europa habituada a dominar o mundo (nos aspetos económico, financeiro, político, militar e cultural) vê-se, subitamente, debilitada em resultado da Guerra que matou milhões de pessoas, feriu e mutilou ainda mais, inutilizou terras e fábricas, criou enormes défices orçamentais, aumentou desmesuradamente a dívida pública e provocou extraordinários surtos inflacionistas. Este cenárioverdadeiramente devastador esteve na origem de grande agitação social e política que provocou a implementação dos regimes ditatoriais.

A classe operária, a mais afetada pela crise, é estimulada pela Revolução Russa. Os anos imediatos do pós-Guerra (1919-21) impõem a reconversão económica e o socorro de milhões de vítimas. Os princípios do liberalismo são restringidos, o enorme montante de despesas com o pagamento das importações e a criação desordenada de empregos, provocou défices enormes na balança de pagamentos e o abandono do sistema padrão-ouro que, mais tarde, seria retomado. Só quase 10 anos após o fim da Guerra, se começaram a estabilizar as moedas e a controlar os défices orçamentais.

 

A dependência da Europa em relação aos EUA

A 1.ª Guerra Mundial provocou a decadência e empobrecimento dos países europeus. Durante a Guerra, os EUA conseguiram um enorme desenvolvimento económico à custa da Europa que não conseguia produzir para si nem para os seus mercados internacionais. Assinada a paz, a economia americana conhece uma depressão, mas consegue a reconversão rápida e a década de 1919-1929foi de uma grande prosperidade económica, à custa do crescimento do mercado interno, do desenvolvimento comercial e industrial e da especulação bolsista. O progresso técnico e o “fordismo” são também fatores importantes dessa prosperidade. No início desta década, os EUA tinham cerca de metade do “stock” de ouro mundial. Os europeus eram os grandes devedores dos EUA que se tornaram protecionistas, relativamente aos produtos e imigrantes europeus.

 

A implantação do Marxismo-Leninismo na Rússia / A Revolução Bolchevique

Antes de se implantar o comunismo propriamente dito (sistema económico-político e social que extingue a propriedade privada e elimina as classes sociais), Lenine defendia a existência de um período de transição, denominado a ditadura do proletariado (em que um partido revolucionário guiaria o proletariado rumo ao comunismo).

A 1.ª Revolução Russa ocorre na sequência da desastrosa participação Russa na 1.ª Guerra Mundial (em fevereiro de 1917), mas, por ter assumido uma feição burguesa, não resolveu os principais problemas do povo Russo, designadamente, o fim da Guerra. Tornou-se, pois, necessária uma nova Revolução, aBolchevique (outubro de 1917) que acabou com a Guerra (paz de Brest-Litovsk), implementou a coletivização da propriedade e proclamou a igualdade dos povos de todas as nacionalidades.

 

A construção do Modelo Soviético, o Comunismo de Guerra

As medidas económicas do novo regime (coletivização da propriedade agrícola e industrial) não trouxeram os efeitos esperados. Por outro lado, em termos políticos, o Conselho dos Comissários do Povo, controlado por Lenine vai, pouco a pouco, retirando o poder ao Congresso dos Sovietes. Mas tudo se agrava com o início da Guerra Civil (entre o exército vermelho e o exército branco), a partir de abril de 1918. Neste contexto de grandes dificuldades, Lenine proclama a ditadura do proletariado e implanta o “Comunismo de Guerra” que consiste num conjunto de medidas que Lenine considera justificadas pelo clima de guerra civil (que se vive na Rússia entre 1918 e 1921) e que se caracteriza pelo controlo total da economia e pela imposição duma política de terror contra todos os oposicionistas.

 

A Nova Política Económica NEP

Terminada a Guerra Civil com a vitória do “exército vermelho” e estando o país a atravessar uma grave crise económica, bem evidente na diminuição da produção agrícola e industrial, Lenine decidiu adotar, a partir de 1921, uma Nova PolíticaEconómica que se caracterizou por um conjunto de medidas de liberalização económica controlada que, na prática, consistiram na liberalização do comércio interno, na privatização das pequenas empresas e na autorização a investimentos estrangeiros. Só os transportes, a banca, o comércio e a indústria pesada permaneceram sob controlo estatal. É claro que estas medidas representaram um “passo atrás” na construção de uma sociedade sem classes, ao fazerem surgir novos-ricos (os “Kulaks” pequenos proprietários de terras e os “Nepmen” homens de negócios ligados à pequena indústria e ao comércio interno).

 

Centralismo Democrático e a Internacional Comunista

O Partido Comunista é o único partido então permitido na Rússia. É a ele que compete a condução da Revolução e a vigilância do funcionamento das estruturas do regime soviético. No ano da revolução (1917) apregoou-se a democracia dos Sovietes (onde estavam representados os operários, camponeses e soldados), mas agora impõe-se o centralismo democrático de todas as instituições soviéticas (Estado e Partido Comunista). É uma estrutura piramidal, em que os membros de cada órgão são eleitos pela organização que o antecede na escala hierárquica. Mas são as instâncias superiores que nomeiam os quadros mais importantes.

A III Internacional ou “Internacional Comunista” reuniu-se regularmente na Rússia, a partir de 1919, com o objetivo de incentivar, em termos internacionais, a luta contra o capitalismo, incentivando a formação de partidos comunistas revolucionários noutros países, prontos a seguir o exemplo russo.

 

 

 

A emergência de autoritarismos / As transformações da vida urbana

Na conjuntura das grandes dificuldades com que se debateram os países europeus do pós-guerra, os regimes parlamentares e as democracias liberais não conseguiram resolver os reais problemas com que se debatiam as populações:crise económica, desemprego, inflação, agitação social e, por isso, viraram-se para soluções autoritárias. ­­

Estas mudanças políticas foram acompanhadas, também por importantes transformações em termos de vida urbana. Devido ao progresso dos transportes, à concentração industrial e aos surtos migratórios dos meios rurais, a população urbana cresceu ininterruptamente na 1.ª metade do séc. XX. Este facto traz consigo novos problemas: novos modos de vida, hábitos consumistas, novas sociabilidades e até casos de marginalidade e de anomia social.

 

Nova sociabilidade e crise dos valores tradicionais / Movimentos feministas

As populações recém-chegadas à cidade encontraram um “mundo diferente” que as obrigou a construir novas solidariedades e novas formas de sociabilidade diferentes daquelas que conheciam nos meios rurais. Os valores tradicionaisque destacavam a valorização do trabalho, a austeridade da educação, da família e da moral cristã estavam definitivamente em crise. Para a rutura dos valores comportamentais contribuíram as vivências traumáticas da 1.ª Guerra Mundial, a manifestação da vida urbana, a diminuição da influência da igreja e da família, as novas conceções culturais e científicas.

Os movimentos feministas enquadram-se nas manifestações da crise dos valores tradicionais. De facto, a 1.ª Guerra Mundial obrigou a uma intervenção mais ativa das mulheres no mundo do trabalho que se revelou eficaz e deu força às mulheres para reivindicarem a sua emancipação, lutando pela igualdade de direitos perante o homem. O feminismo recorreu ainda ao vestuário e à moda como forma de afirmação pública.

 

A crise do pensamento racionalista / As novas conceções das ciências

No séc. XX, assiste-se a uma reação anti positivista e antirracionalista. Na origem deste fenómeno está a mudança de atitude dos homens da ciência. De facto, surgem novas e revolucionárias conceções científicas entre as quais, o relativismo, segundo o qual todo o conhecimento é relativo (dependendo dos fatores contextuais e circunstanciais).

A teoria da relatividade apresentada por Einstein, entre 1905 e 1915, punha em causa as antigas conceções da matéria e sustentava que o espaço e o movimento não eram absolutos, mas relativos um ao outro. Os objetos não têm só três dimensões, mas uma quarta, a dimensão do tempo. Outras descobertas científicas vão no mesmo sentido: o princípio da indeterminação (reafirma a incerteza), o intuicionismo (desvaloriza a experimentação) e o existencialismo(liberdade existencial).

No campo das ciências humanas, surge a Psicanálise, criada por Sigmundo Freud, numa tentativa de compreensão do comportamento humano, explorando o seu subconsciente e/ou inconsciente. As outras ciências humanas repensam, igualmente, as suas metodologias.

 

Rutura com os cânones das artes / “Fauvismo” e “Expressionismo”

A crise do pensamento e valores tradicionais teve as suas repercussões, também, na cultura (artes e literatura). Surgiram artistas inovadores, capazes de romper com as tradições (Modernismo ou Vanguarda Cultural). No princípio do séc. XX (1905, 1907) o movimento “Fauve” rejeita o academismo pictórico e defende a autonomia da obra relativamente ao real, optando pelo uso expressivo das cores fortes e primárias. O artista assume a bidimensionalidade da tela e abdica do modelo; Matisse é um dos artistas mais famosos deste movimento (acha que para os pormenores da representação existe a fotografia, não é preciso já a pintura).

O “Expressionismo” surge também em 1905, na Alemanha, prolonga-se até depois da 1.ª Guerra Mundial, assumindo a arte como a expressão do mundo interior do artista, explorando, por isso, os sentimentos, as emoções e os traumas. O russo Kandinsky é um dos seus artistas mais destacados.

 

O “Cubismo” e o “Abstracionismo”,

O “Cubismo” surgiu em 1907 (com Picasso e Braque) e revolucionou as regras de representação do espaço e da forma, procurando dar uma visão do objeto, sob todos os ângulos de visão – trata-se de uma visão intelectualizada e construtiva da arte. A 1.ª fase (até 1912) é a do “cubismo analítico” em que se faz uma geometrização da natureza; enquanto a 2.ª fase (até cerca de 1925) é a do “cubismo sintético” em que o objeto pintado é desmembrado em todas as suas facetas tornando-se ao observador completamente irreconhecível.

O “Abstracionismo”, como movimento artístico, surgiu após a 1.ª Guerra Mundial e rejeita completamente a utilização das formas que evocam a realidade. A arte, nesta perspetiva, serve, sobretudo, como forma de expressão do mundo espiritual do artista. Há, dentro do Abstracionismo, duas tendências: o abstracionismo geométrico e o lírico ou expressivo. Kandinsky também foi um abstracionista.

 

O “Futurismo”, o “Dadaísmo” e o “Surrealismo”

O “Futurismo” rejeita o passado, valoriza a originalidade e a inovação e procura construir o futuro, exaltando todos os sinais de futuro: máquinas, velocidade, fábricas e cidades; põe em destaque todo o dinamismo da vida moderna. O italiano Marinetti foi o seu mentor.

O Dadaísmo é um movimento artístico e literário que surge logo após a 1.ª Guerra Mundial e que defende a libertação absoluta da arte, a supressão lógica, o absurdo, ridicularizando os valores morais e as estéticas existentes, valorizando a espontaneidade, o instinto e a manifestação do inconsciente. Duchamp foi um dos seus defensores.

O Surrealismo foi um movimento artístico e literário surgido na década de 1920, que substitui a visão racional do mundo, pela ditada pelo inconsciente, pintando imagens como as que aparecem nos sonhos. Salvador Dali foi um dos seus expoentes máximos.

 

Os caminhos da literatura/As dificuldades de Portugal no primeiro pós-guerra

À semelhança do que aconteceu nas artes, e pelas mesmas razões, a literatura, no início do século XX, conheceu também uma verdadeira revolução que pôs em causa, às vezes de forma radical, os valores e as melhores tradições literárias. Assistiu-se a uma libertação da obra literária face à realidade completa; algumas obras voltaram-se para a vida psicológica e interior das pessoas, rejeitando, por vezes, as regras da moral, da família e da sociedade. Com a participação na Guerra, Portugal viu agravarem-se os seus problemas económicos que, por tradição vêm dos séculos anteriores. A Guerrarepresentou um grande custo financeiro e ocupou parte significativa da mão-de-obra masculina jovem. Por isso, as dificuldades foram maiores.

No domínio agrícola, Portugal adiou a “reforma agrária” e continuou carente de trigo para fazer o pão, recorrendo a importações que ajudava a pagar para manter o preço do pão o mais baixo possível, evitando assim a fome das classes urbanas pobres. Portugal continuava a ser um país rural, cuja população vivia, sobretudo, da exploração de vinho, cortiça, frutas e da pastorícia. Ainstabilidade política da 1ª República (45 governos) também não ajudou à tomada de decisões estruturais capazes de fazer renascer a economia, em bases sólidas.

 

A situação da indústria e das finanças durante a 1ª República

Apesar dos números continuarem a mostrar Portugal como um país afastado do desenvolvimento industrial, a verdade é que, durante a 1.ª República o nosso país conheceu algum progresso no que respeita à industrialização. As regiões de Lisboa (sobretudo a sul do Tejo) e do Porto (com extensão ao Minho) mostravam algum dinamismo industrial. Os setores de conserva de peixe, cortiça, tabaco e indústria têxtil foram os que mais se desenvolveram (mas as indústrias de moagem, metalúrgica, vidreira e cimenteira e fosforeira, também conheceram algum destaque, algumas delas controladas por capitais estrangeiros, designadamente a do tabaco e do fósforo). A expansão industrial não foi maior porque se registaram algumas insuficiências, designadamente ao nível das infraestruturas dos transportes e comunicações (a rede ferroviária e viária quase estagnou após “fontismo”). Os portos de Lisboa e Leixões não estavam devidamente apetrechados e a nossa marinha mercante também não se modernizou.

Os problemas financeiros do País agravaram-se com a participação de Portugal na 1.ª Guerra Mundial. O défice orçamental, a dívida pública e a desvalorização da moeda foram motivo de diversas crises governamentais e de instabilidade política. A depreciação do escudo provocou a fuga de capitais e o aumento dos preços. As reservas de ouro desceram e o país foi obrigado a uma política de austeridade orçamental. O país atravessou grandes dificuldades que estão na base da queda do regime republicano.

 

O fim da 1.ª República / As novas tendências culturais

Apesar da situação geral do país apresentar alguns sinais de melhorias a partir de 1923 (com a atenuação do défice, o controlo da dívida pública, a estabilização da moeda e um maior êxito na luta contra o analfabetismo), a verdade é queclasses urbanas trabalhadoras estavam dececionadas com a política republicana e grande parte das classes médias temia o anarquismo e o bolchevismo. Por isso, apoiaram o novo regime: Ditadura Militar (golpe do 28 de Maio de 1926) e Estado Novo (1933-1974).

As novas tendências culturais tardaram a chegar a Portugal. O clima de conflitualidade social política, a escassez de público consumidor de bens culturais e a predominância do gosto naturalista foram os fatores explicativos desse retardamento. Contudo, a partir de 1915, surgem alguns movimentos de inconformismo, sobretudo na literatura. Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros são os nomes que mais se destacam.

 

A revista “Orpheu” e o 1.º modernismo

O 1.º modernismo (1911-1918) esteve ligado a algumas exposições livres que se realizaram em Lisboa e no Porto, desde 1911, em que participaram artistas ligados às novas correntes artísticas, nomeadamente Almada Negreiros, Cristiano Cruz, Jorge Barradas, Manuel Bentes e Emmérico Nunes. Nessas exposições foram apresentados trabalhos artísticos que faziam sátira política, social e anticlerical. Este 1.º momento do modernismo português foi reforçado com o regresso de Paris de Amadeo de Souza-Cardoso, Guilherme Santa-Rita, Eduardo Viana e José Pacheco. Dois polos mais ativos surgiram no país: um emLisboa, com Almada Negreiros e Santa-Rita e outro no Norte, com Amadeo e Eduardo Viana.

A publicação da Revista “Orpheu” serviu para revelar o carácter inovador, mas também polémico, do modernismo português, o seu futurismo que faz aconvergência das letras com as artes, deixando o país escandalizado ao fazerem dissertações agressivas que exaltavam o homem de ação e propunham um corte radical com o passado.

 

O grupo “Presença” / A evolução das artes plásticas

O 2.º grupo modernista português deu vida à revista coimbrã “Presença” de que saíram 54 números, entre 1927 e 1940. A revista foi fundada por José Régio, Gaspar Simões, Branquinho da Fonseca e outros. Mais tarde, também integraram a Direção Casais Monteiro e Miguel Torga. Nas suas páginas, transparece um certo ceticismo decorrente da falência dos princípios doutrinários da República. Proclamaram a sua independência política e foram influenciados pelo intuicionismo e pela psicanálise freudiana.

No que respeita às artes plásticas, na 1.ª metade do séc. XX, em Portugal, onaturalismo continuou a prevalecer, com nomes prestigiados como Columbano e Malhoa. A “arte moderna” começa a notar-se a partir de 1911, com o regresso de alguns pintores de Paris, como Dórdio Gomes, Santa Rita e Amadeu de Sousa Cardoso. Almada Negreiros e Abel Manta são também nomes importantes da arte pictórica. Na escultura predomina, também, o naturalismo, com nomes sonantes, como Teixeira Lopes e Simões de Almeida Sobrinho. A ideia da modernidade é trazida por Diogo de Macedo e Francisco Franco.

A arquitetura trouxe alguma arte nova, com o recurso a novos materiais (ferro, vidro e betão). Os nomes mais importantes são: Cristino da Silva, Pardal Monteiro, Carlos Ramos de Azevedo.

 

 

 

As implicações sociais da crise / As opções totalitárias

A crise de 1929, embora no início, seja eminentemente económica, ela repercute-se, sobretudo, no domínio social. As falências no setor produtivo afetaram os empresários mas também toda a população ativa, estando na origem do desemprego de milhões de pessoas.

Nos EUA, atingiu ¼ da população ativa e na Alemanha 40% dos trabalhadores. O estado caótico que se atingiu determinou uma atitude mais interventiva e reguladora do Estado sobre a economia.

É, assim, que se explicam as opções totalitárias em grande número de países europeus. O fascismo italiano e o nazismo alemão são apenas os dois exemplos mais paradigmáticos. O triunfo deste tipo de regimes contou com o apoio das classes médias, médias baixas, desempregados, antigos combatentes e de todos aqueles que se sentiam ameaçados com a crise económica e com o avanço do movimento comunista.

 

As características do fascismo / A repressão e a negação dos direitos humanos

O Fascismo é um sistema político que instaura a ditadura dum partido único e governa de forma antiparlamentar (esvazia completamente a função parlamentar de debate político e de fiscalização da atividade governativa), contestando a filosofia política do socialismo (que é um dos seus principais adversários políticos), apostando tudo na propaganda (para fazer aceitar ao povo as suas ideias políticas, económicas e sociais), no militarismo (apoio às forças armadas e às organizações paramilitares) e nos instrumentos repressivos (polícia política e censura) capazes de controlar as massas. Para este regime a primazia está no Estado e nada, nem ninguém, se pode opor ao estado. Em termos económicos, condena-se a luta de classes e aposta-se nocorporativismo como forma de resolver a conflitualidade de interesses sócio-profissionais.

Este tipo de regimes nega todos os direitos humanos e reprime pela tortura e violência todos aqueles que se lhe opõem.

 

O estalinismo e a planificação da economia / Burocratização do Partido e a repressão

Após a morte de Lenine, Estaline, a pouco e pouco, vai-se apoderando de todo o aparelho político soviético, afastando todos os seus adversários políticos. Entre estes, o nome mais destacado é o de Trotsky (um dos revolucionários de outubro de 1917 e o responsável pela constituição do Exército Vermelho) que, na linha de Lenine, defendia a democracia na nomeação dos quadros, a necessidade de debate político, a diminuição do poder do Secretário-geral e contestava a ditadura do aparelho dirigente.

Para desenvolver o país, em termos industriais, a URSS estalinista planificou a economia (planos quinquenais, que começaram em 1928) e conseguiu alcançar as outras potências industriais (EUA e Alemanha). No que respeita à agricultura, os campos foram coletivizados (kolkhozes e Sovkhozes) e os camponeses obrigados a submeterem-se às novas ordens. Após as campanhas de depuração estalinistas, o Partido Comunista da URSS foi burocratizado ao máximo (70% dos antigos membros do Comité Central desapareceram) e a nova elite política (Nomenklatura) premiada com privilégios.

 

A resistência das democracias liberais / Governos de Frente Popular

A recuperação económica da grande depressão dos anos 30 foi lenta e difícil. Mesmo os estados que mantiveram os regimes democráticos tiveram que ser intervencionistas. No caso dos EUA ficou famosa a iniciativa do Presidente Democrata, Franklin Roosevelt o “New Deal” que tentou, numa primeira fase,solucionar os problemas económicos (combinando a deflação com uma inflação controlada e tomando medidas a favor da agricultura e da indústria); para, numa 2.ª fase, lançar as bases da segurança social (seguro de velhice, de doença e de desemprego).

Na França e na Espanha ficaram famosos os governos de “Frente Popular” (coligação de partidos de esquerda) normalmente vocacionados para acudir aos mais fragilizados, aumentando os salários, diminuindo o horário de trabalho e reconhecendo o direito a férias pagas. Em Espanha, o governo da “Frente Popular” foi mal recebido pelas forças da direita que reagiram violentamente, com medo da perda de privilégios e deram origem a uma das mais violentas guerras civis que os europeus conheceram no séc. XX.

 

 

 

Portugal: o triunfo das forças conservadoras/ A adoção do modelo fascista italiano

A crise económica, a instabilidade política e o contexto internacional de regimes autoritários favoreceram o êxito do golpe militar do 28 de Maio de 1926 que pôs fim à 1.ª República e iniciou os governos ditatoriais portugueses: Ditadura Militar(1926-1933) e Estado Novo (1933-1974). De um regime para o outro, a personalidade que mais se destacou foi a de António de Oliveira Salazar que com uma política fortemente repressiva e apoiado pelo partido único (União Nacional) e pela polícia politica (PIDE) se manteve no poder ao longo de 40 anos (1928-1968). As características deste regime eram semelhantes às do fascismo italiano; promoveu o culto do chefe (Salazar foi considerado o “Salvador da Pátria”), instituiu-se a censura na imprensa; organizaram-segrupos de enquadramento ideológico (Mocidade e Legião Portuguesa), desenvolveram-se atividades recreativas através da FNAT; propagandeou-se o regime através do SPN (Secretariado de Propaganda Nacional) e da grande Exposição do Mundo Português (1940).

 

A economia submetida a imperativos políticos

 À custa de cortes na segurança, saúde e ensino (ou seja, na qualidade de vida das pessoas), Salazar, como Ministro das Finanças, conseguiu equilibrar os orçamentos e as contas públicas, estabilizar a situação financeira e a moeda e baixar as taxas de juro.

Salazar sempre defendeu a vida rural apelando, a partir de 1929, à campanha do trigo que não deu os resultados esperados. Contudo, a cortiça, o azeite, as frutas e o vinho expandiram-se na década de 1940.

As obras públicas foram o “emblema” do regime como aconteceu com o fascismo italiano e o nazismo alemão. A construção de vias de comunicação, aeroportos, portos, rede elétrica nacional, escolas, tribunais, hospitais, estádios e quartéis militares foram as obras que envolveram maiores investimentos.

A indústria nacional manteve-se atrasada e condicionada até 1950 (o condicionamento assentava na necessidade de serem ouvidas as empresas concorrentes sempre que uma nova se pretendesse instalar), assistindo-se, a partir de então, a uma inversão dessa tendência. Os setores que concentraram mais operários e se tornaram mais desenvolvidos foram: os cimentos, refinação de petróleo, adubos, energia elétrica, construção naval e tabacos. Mesmo assim, não pode falar-se de pleno arranque industrial. Em muitos setores, Portugal continuou dependente das importações.

 

O corporativismo e a corporativização dos sindicatos

O Estado Novo era corporativo. O Corporativismo abarca a família e todos os outros organismos onde os indivíduos se agrupam pelas funções que desempenham, harmonizando os seus interesses para a execução do bem comum.

Os operários estavam, obrigatoriamente, integrados em Sindicatos Nacionais e os patrões em Grémios. Estas duas estruturas deviam negociar entre si os contratos de trabalho, regulamentar as normas e quotas de produção (tentando evitar a superprodução), os preços e salários, o que configurava uma situação de efetiva corporativização sindical. Os camponeses e os pescadores estavam igualmente integrados em organizações controladas pelo Estado: Casas do Povo e Casas dos Pescadores.

Rapidamente os trabalhadores verificam que esta corporativização sindical favorecia as entidades patronais prejudicando, por consequência, os interesses dos trabalhadores. Organizaram formas revoltosas de resistência (como aconteceu na Marinha Grande, em 18 de janeiro de 1934), violentamente reprimidas pelo Estado.

 

A política colonial do Estado Novo / O projeto cultural do regime

A política colonial assentava na manutenção do Império. O objetivo era europeizar e cristianizar as populações indígenas, através de uma transformação gradual dos seus costumes e valores. Com o Ato Colonial de 1930, mantiveram-se os princípios da desigualdade, que dividia os habitantes das colónias emassimilados (aqueles que vivem e se comportam como portugueses) e osindígenas (continuam a viver e a comportar-se de acordo com os seus parâmetros culturais). Sem um papel relevante na economia nacional, as colónias absorviam alguns excedentes agrícolas e industriais e forneciam a Metrópole de algumas matérias-primas e produtos alimentares.

Em termos culturais o regime não apostou numa séria educação de “massas”, mas dedicou alguma atenção ao ensino secundário, técnico, superior e à ciência. No entanto, o controlo exercido pelos organismos oficiais do regime prejudicou o desenvolvimento cultural e a investigação científica.

(continua)

 

publicado por viajandonotempo às 14:53
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