Joseph Ratzinger, o actual Papa Bento XVI, nasceu na diocese de Passau (Alemanha), no Sábado Santo de 1927 (dia 16 de Abril) tendo sido baptizado no mesmo dia. Passou a infância e a adolescência em Traunstein, uma localidade a trinta quilómetros de Salisburgo. Foi nesta altura, que recebeu formação cristã, humana e cultural.
Deve referir-se que os católicos conheceram uma conjuntura de grande hostilidade por parte do regime nazi. Viveu o complexo período da 2.ª guerra mundial, tendo sido ainda arrolado para os serviços auxiliares anti-aéreos.
Findo esse terrível conflito, concluiu os seus estudos teológicos e foi ordenado sacerdote, no dia 29 de Junho de 1951. No ano seguinte, tornou-se professor na Escola Superior de Freising. Em 1953, concluiria o doutoramento em teologia com a tese «Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho».
Leccionou teologia dogmática e fundamental na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Freising, continuando, depois, a actividade docente em Bona, até 1963; a seguir, foi para Münster, como professor de 1963 a 1966; a partir deste ano esteve em Tubinga, até 1969, ano em que passou a professor catedrático de dogmática e história do dogma na Universidade de Ratisbona, chegando a ocupar o cargo de Vice-Reitor da Universidade.
Entretanto, é de destacar o seu valioso contributo, como teólogo, para o Concílio Vaticano II, que decorreu entre 1962 a 1965, e que representou uma verdadeira “revolução” para a igreja católica. Desempenhou igualmente cargos de grande relevância na Comissão Teológica Internacional e na Conferência Episcopal Alemã.
Já na década de 70, mais concretamente a 25 de Março de 1977, Paulo VI nomeou-o Arcebispo de München e Freising. O mesmo Papa tornou-o Cardeal, a 27 de Junho de 1977. No ano seguinte, participaria no Conclave de 25 a 26 de Agosto, que elegeria João Paulo I. No mês de Outubro de 1978 participou igualmente no Conclave que tornou Papa o seu antecessor.
É este o homem que anteontem chegou a Portugal como Papa, cuja chegada foi assinalada por volta das 11 horas, com todos os sinos das igrejas do Patriarcado de Lisboa a tocar, e ontem chegou a Fátima para presidir às celebrações evocativas da 1.ª aparição de Nossa Senhora aos pastorinhos. Já Paulo VI cá havia vindo, por ocasião do cinquentenário das Aparições (1967) e João Paulo II ficou bem conhecido pelo seu amor à mãe celestial, tendo vindo a Fátima várias vezes.
O governo português associando-se à vinda do Papa, que já esteve em Lisboa, antes de vir para Fátima e daqui seguirá para o Porto, decretou tolerância de ponto para o dia de hoje, sendo de prever, pois, que grande multidão de fiéis siga de perto a estadia de Bento XVI entre nós.
Bento XVI, num gesto que o tornou o 1.º Papa a fazê-lo pessoalmente, entregou uma Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima. Foi na Capelinha das Aparições, na tarde de ontem e pretendeu ser uma homenagem de gratidão a todos os que aqui peregrinam com fé. Na sua oração, já divulgada pelo Vaticano, o Santo Padre disse: «estou certo que os Pastorinhos de Fátima, os Beatos Francisco e Jacinta e a Serva de Deus Lúcia de Jesus nos acompanham nesta hora de prece e de júbilo».
Acompanharão Bento XVI, nesta sua visita apostólica, muitos bispos portugueses, 10 bispos estrangeiros: quatro vêm de países africanos de língua oficial portuguesa (da Guiné-Bissau, os bispos D. Pedro Zíli e D. José Câmnate; de Moçambique, o presidente da Conferência Episcopal, D. Lúcio Andrice Muandula e o bispo de São Tomé e Príncipe, D. Manuel António Santos); cinco de Espanha (o presidente da Conferência Episcopal Espanhola, o Cardeal de Madrid, o Arcebispo de Barcelona, o bispo de Cáceres, o Arcebispo da diocese de Toledo e o bispo auxiliar de Madrid, D. Juan Martínez Camino) e um dos Estados Unidos da América (o Arcebispo de Boston).
Hoje, 13 de Maio, a partir das 10 horas, muitos bispos portugueses, os dez bispos estrangeiros e mais de 2000 sacerdotes serão concelebrantes da Missa presidida por Bento XVI. Todas as atenções se concentram no Altar do Mundo e, sobretudo, nos discursos que ali irá proferir o chefe da cristandade, atendendo aos problemas que ultimamente têm alvejado a igreja católica e no ano em que Portugal se comemora o centenário da República, que também foi de má memória para a igreja e, em particular, para os pastorinhos.
Amanhã (6.ª feira), o Papa estará no Porto, celebrando a Missa, às 10,15 h na Avenida dos Aliados. O bispo do Porto, D. Manuel Clemente, tem apelado à participação dos fiéis para essa “grande celebração nos Aliados”, declarando que a presença do Papa na cidade «vai ser uma ocasião de rejuvenescimento da fé para o Porto e para a região».
A cerimónia de despedida de Bento XVI, da sua 1.ª visita a Portugal como Papa, está marcada também para amanhã, dia 14 de Maio, às 13,30 h, no Aeroporto Internacional Sá Carneiro, no Porto.