Recordando António Feliciano de Castilho
Há seis dias, ou seja no dia 25 de maio, completam-se 143 anos sobre o título de Visconde de Castilho, criado pelo rei D. Luís, através do decreto de 25 de maio de 1870, a favor do escritor António Feliciano de Castilho.
António Feliciano de Castilho nasceu em 1800, na cidade de Lisboa. Aos seis anos de idade, devido a uma infeliz doença, ficou cego.
Mas como era dotado de uma memória prodigiosa, mostrou-se precoce no seu talento poético, embora parte do seu êxito se deva a seu irmão, que muito o apoiou. Com apenas 16 anos escreveu o seu primeiro poema “Epicédio na Morte da Augustíssima Senhora D. Maria I”.
Em termos cronológicos, pertenceu à mesma geração de escritores românticos tão importantes como Almeida Garrett e Alexandre Herculano. Apesar de ter sido educado dentro dos cânones do classicismo, acabaria por se enquadrar no mundo romântico e ultra-romântico.
A sua poesia profundamente marcada pelo estilo neoclássico assenta numa temática que se inclui no ultra-romantismo, embora raramente atinja a qualidade de Alexandre Herculano ou de Almeida Garrett.
Aos 18 anos, publicou o seu segundo poema “A Faustíssima Aclamação de S. Majestade o Sr. D. João VI”, em três cantos, que foi muito bem recebido na Corte como já havia acontecido com o seu primeiro poema, dois anos antes, o que poderá ter sido bastante benéfico para si.
Entre a sua obra, vale a pena destacar: “Cartas de Eco a Narciso”, em 1821, que fez com que uma professa de um convento, depois da sua leitura, acabasse por se apaixonar por ele, que com ela se casou em 1834. Mas antes havia publicado: “A Primavera”, 1822; e “Amor e Melancolia”, 1828.
Em 1836, escreveu “A Noite do Castelo” e “A Noite e Os Ciúmes de Bardo”, sendo considerado este último um dos seus melhores poemas.
Em 1841, fundou e dirigiu a Revista Universal Lisbonense, que naquela época teve bastante relevo cultural. Castilho revelou-se também um excelente pedagogo, sobretudo no domínio da instrução popular.
«Em 1841, fundou e dirigiu a Revista Universal Lisbonense»
Foi nesta altura que se casou pela segunda vez, já que a primeira esposa morreu em 1837, com D. Ana Carlota Xavier Vidal.
Outros títulos da sua valiosa obra são: “Quadros Históricos de Portugal” (1838); “Escavações Poéticas” (1844); “Crónica Certa e Muito Verdadeira da Maria da Fonte” (1846); “Felicidade pela Agricultura” (conjunto de artigos publicados em 1849, no jornal açoriano Agricultor Micaelense); “Camões” (1849); “Tratado da Mnemónica e Tratado da Metrificação Portuguesa” (1851); e “O Outono” (1863).
Em 1865, é alvo de ataque por parte de Antero de Quental, com o opúsculo Bom Senso e Bom Gosto e de vários intelectuais de Coimbra, ficando o caso imortalizado como polémica célebre sob o nome de Questão Coimbrã.
A nova geração de escritores que se lhe opôs tem nomes tão ilustres como os de Teófilo Braga, Malheiro Dias, Luciano Cordeiro, Pinheiro Chagas, Ramalho Ortigão ou Camilo Castelo Branco. Feliciano de Castilho foi também tradutor de poetas latinos e outros. Morreu em 1875. Foi pai de Júlio de Castilho, dramaturgo, arqueólogo, historiador, memorialista e, um dos mais importantes olisipógrafos. Júlio de Castilho foi o 2.º Visconde de Castilho, foi Governador Civil da Horta, Cônsul-Geral de Portugal em Zanzibar, bibliotecário da Biblioteca Nacional e Professor do príncipe real D. Luís Filipe.