O fim da 1.ª Guerra Mundial perfaz hoje 91 anos
1.ª página do "The New York Times" dando a notícia da assinatura do Armistício
Há exactamente 91 anos, no dia 11 de Novembro de 1918, dentro de um vagão de comboio, na floresta de Compiègne, foi assinado o Armistício de Compiègne, entre os Aliados e a Alemanha, que poria fim às hostilidades na frente ocidental da Primeira Guerra Mundial, em que Portugal também participou com milhares de homens, quer na defesa das nossas colónias em África, quer no teatro de guerra, na Europa Ocidental. Os principais signatários do Armistício foram o Marechal Ferdinand Foch, Comandante-em-chefe aliado, Matthias Erzberger, representante alemão.
Terminada a Guerra impôs-se reorganização do mapa político da Europa e o estabelecimento de uma nova ordem internacional. Os tratados de paz assinados em 1919 e 1920, alteraram profundamente o mapa político europeu, ao confirmarem a desintegração dos impérios Alemão, Austro-húngaro, Russo e Otomano que deram origem a novos países independentes, sobretudo no leste Europeu. Deste modo, a realidade política e étnica foi substancialmente modificada, criando novos problemas no relacionamento entre as nações.
Na sequência da “Conferência de Paris” (1919) foi fundada a SDN (Sociedade das Nações) com o objectivo prioritário de estabelecer uma nova ordem internacional, em que as relações entre estados seriam reguladas pelo direito internacional, acreditando-se, assim, que, de futuro, seria evitado o recurso à guerra para a resolução dos conflitos. A sede da SDN foi em Genebra (Suíça) e Afonso Costa (grande estadista português da Primeira República) chegou a ser eleito (em Março de 1926) para presidir à sua sessão extraordinária. O facto dos EUA não a integrarem e de ser obrigatória a unanimidade de decisões limitou, como se sabe, a sua eficácia que foi posta definitivamente em causa com o eclodir da 2.ª Guerra (1939).
Mas, deste 1.º conflito mundial, houve consequências que não podemos ignorar: a Europa habituada a dominar o mundo (nos aspectos económico, financeiro, político, militar e cultural) vê-se, subitamente, debilitada em resultado da Guerra que matou milhões de pessoas, feriu e mutilou ainda mais, inutilizou terras e fábricas, criou enormes défices orçamentais, aumentou desmesuradamente a dívida pública e provocou extraordinários surtos inflacionistas. Este cenário verdadeiramente devastador esteve na origem de grande agitação social e política que provocou a implementação dos regimes ditatoriais, como foi o caso da Rússia (com o triunfo da Revolução Bolchevique), da Itália (com a ascensão política de Mussolini) e de Portugal, que viu definhar a sua 1:ª experiência democrática da 1.ª República, substituída, a 28 de Maio de 1926, por uma ditadura militar que evoluiria, já na década de 1930, para o “Estado Novo” salazarista.
A Europa, como continente, conheceria, paulatinamente, a perda da sua hegemonia internacional para os EUA (Estados Unidos da América), que conseguiram um enorme desenvolvimento económico à custa da Europa que não conseguia produzir para si nem para os seus mercados internacionais.
Assinada a paz, a economia americana conhece uma depressão, mas consegue a reconversão rápida e a década de 1920-1929 foi de uma grande prosperidade económica, à custa do crescimento do mercado interno, do desenvolvimento comercial, industrial e da especulação bolsista. O progresso técnico e o “fordismo” são também factores importantes dessa prosperidade. No início dessa década, os EUA tinha cerca de metade do “stock” de ouro mundial.
Já no pós-2.ª guerra mundial, a Europa iniciou uma nova aposta: a sua união, como forma de recuperar o tempo perdido. É aí que, actualmente, nos situamos à espera de melhores dias, no contexto da política internacional.