Avelar
Brasão da vila de Avelar
Brasão: escudo de azul, aveleira de ouro e frutada de vermelho, entre duas rocas de fiar de prata, postas em pala; em chefe, pomba do Espírito Santo de prata, nimbada de ouro. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco, com a legenda a negro: «AVELAR - ANSIÃO».
Bandeira da vila de Avelar
Apontamento histórico
Foi vila e sede de concelho entre 1514 e 1836. Era constituído apenas pela freguesia da sede e tinha, em 1801, 478 habitantes. Embora seja uma das mais pequenas freguesias, em área geográfica, a sua sede - a vila do Avelar - é um dos grandes aglomerados urbanos do concelho, com grandes tradições no que respeita à industrialização têxtil.
Situada em suave declive ligeiramente inclinado para Oeste, e numa campina fértil, Avelar fez parte, até ao século XVII, da paróquia de Aguda. Contudo, devido à distância a que ficava a sede da paróquia, reivindicou-se perante Roma a autonomia que seria conseguida por despacho favorável de Inocêncio XI ao autorizar a paróquia separada, em 1680, com o orago do Espírito Santo.
O Pelourinho de Avelar e a Capela de Nossa Senhora da Guia são dois bons exemplos do património arquitectónico local. A Igreja, que esteve na base de uma das romarias mais concorridas da região centro do país, chegando a juntar cerca de 40 mil visitantes, sofreu obras de melhoramento há poucos anos.
Por decreto régio de 31 de Dezembro de 1836, o Avelar perdeu o estatuto de vila e cabeça de concelho, para ser incorporada no concelho de Chão de Couce; em 24 de Outubro de 1855 este seria extinto, passando o Avelar para o concelho de Figueiró dos Vinhos; finalmente, em 1895, viria a ser desanexada deste, para passar a integrar o concelho de Ansião.
Graças às muitas esmolas oferecidos à milagrosa imagem de Nossa Senhora da Guia, foi fundado nos finais do século XIX, o Hospital de Nossa Senhora da Guia, que ainda hoje está em plena actividade, sendo um dos mais conceituados estabelecimentos de saúde do Interior Norte do Distrito de Leiria. É gerido por uma Fundação com esse nome.
Uma das mais-valias do progresso do Avelar, foi a indústria têxtil. Tudo começou na povoação de Lomba da Casa, do concelho de Figueiró dos Vinhos, donde era natural a família Moreira, cujos descendentes, fixaram residência em Avelar, por casamento e aqui foram fundando sucessivas empresas industriais. Aqui se fabricou estamenha (paninho), xailes, cobertores, mantas e meias.
Na década de 1960 as empresas modernizam-se, chamando técnicos especializados, da Covilhã, que com as respectivas famílias aqui se foram fixando. Para aqui vieram algumas pessoas das vizinhanças à procura de trabalho.
A indústria têxtil e o comércio foram as actividades que permitiram grande desenvolvimento, levando a que a freguesia fosse reelevada à categoria de vila.
Pelourinho de Avelar
Constituído por um soco quadrangular de três degraus sobre o qual assenta coluna de base quadrada, fuste cilíndrico com parte terminal canelada, sobrepujado por pinha estriada.
Igreja da Nossa Senhora da Guia (Avelar)
A paróquia de Avelar, como já se disse, só foi criada em 1680. A actual matriz era apenas a capela de Nossa Senhora da Guia, já mencionada nas Memórias Paroquiais de 1758. Mas por ser o principal ponto de convergência de muitos peregrinos, acabou por tornar-se também a Igreja paroquial. A antiga Igreja matriz situava-se mais para Oeste e dela quase já não existem vestígios.
Devido ao grande rendimento de esmolas à milagrosa Nossa Senhora da Guia, em 1757, inicia-se a construção de uma nova Capela (por provisão do Infante Dom Pedro, datada de Lisboa, a 9 de Julho de 1757, enviada ao ouvidor da comarca das Cinco Vilas de Chão de Couce). A sua construção prosseguiu, com o produto das esmolas do povo, concluindo-se já na década seguinte.
Trata-se de um edifício simples de silhueta renascentista, dedicado à Nossa Senhora da Guia. Composta por uma só nave.
A empena é decorada por um brasão real. Uma volumosa torre eleva-se do lado esquerdo, formada por três corpos distintos, de secção quadrangular; um inferior e outro mediano, com sinos; o conjunto é encimado por um corpo octogonal rematado em coruchéu piramidal cintado por dois cordões de cantaria, acantonados por urnas, sem fogaréu, como os que ladeiam a cruz da empena, com volutas.
No interior, apresenta uma nave única, com tecto abaulado, de madeira pintada. As esculturas que contém são populares, de pedra, representando o Espírito Santo - seu orago -, um S. Sebastião e uma Virgem do Rosário, e o lado Sul.
Capela-Mor da Igreja de Nossa Senhora da Guia - Avelar
Forno de Nossa Senhora da Guia
No largo da Igreja, ao cimo de um enorme espaço aberto, que foi o antigo terreiro, pode admirar-se o grande Forno, construído no topo de uma imponente escadaria que terá origem medieval. Este Forno, esteve, desde sempre, ligado às Festas de Nossa Senhora da Guia. Nos dias de romaria (1.º de Setembro de cada ano) era aceso, havendo uma pessoa, que para cumprir a sua promessa, entrava no Forno bem quente, levando nas mãos a farinha para cozer e fazer um enorme bolo, e na boca, para sua protecção, um cravo. Diz a lenda que, graças à protecção divina, saía ileso. O bolo era, depois de cozido, tirado e dividido em pequenos pedaços que os devotos levavam e que, por vezes, colocavam nas arcas de roupa, contra a traça.
O Forno é uma construção hexagonal, com uma cruz de trevo no topo da cúpula e dois pináculos piramidais ao lado da cruz.
Hospital de Nossa Senhora da Guia
O Hospital de Nossa Senhora da Guia do Avelar foi uma das obras mais relevantes que se fez no Avelar, no fim do século XIX, tendo sido considerada mesmo a melhor do Distrito, na época. Como já se referiu, a sua edificação ficou a dever-se, sobretudo, ao Dr. Costa Simões e Alfredo Manso que, assim, deram o melhor destino às fartas esmolas que os fiéis davam, anualmente, à milagrosa imagem de Nossa Senhora da Guia do Avelar. A sua inauguração teve lugar no dia 31 de Agosto de 1894, data em que se iniciava mais uma grande romaria à Senhora da Guia.
O Hospital do Avelar passou, algumas vezes, por situações bastante difíceis, nos aspectos administrativo e financeiro, como aconteceu, por exemplo, no início da década de 30, a que não foram estranhas lutas de ordem político-religiosa, em torno do seu financiamento e gestão. Mas, a verdade, é que o tradicional querer do povo do Avelar e a sua união nos momentos difíceis, acabaram por triunfar e o Hospital do Avelar ainda hoje é um bom estabelecimento hospitalar, sem dúvida, um dos melhores do Norte Interior do Distrito de Leiria.
Algumas vezes o reforço financeiro para a sua sobrevivência foi conseguido através de cortejos de oferendas, a que não raro se associava todo o concelho. Um desses Cortejos teve lugar no dia 4 de Dezembro de 1960, e foi presenciado pelas autoridades do Distrito, do Concelho e pelas individualidades de maior destaque do Concelho. Em 1965, pensou-se na remodelação do Hospital do Avelar. O Fundo do Desemprego contribuiu com um subsídio de 500 contos, que correspondeu a metade do valor orçamentado, 1000 contos. O restante foi conseguido com o apoio dos Ministérios das Obras Públicas e da Saúde e Assistência, da Direcção Geral dos Hospitais e graças aos donativos da população avelarense que organizou outro cortejo de ofertas, no dia 28 de Janeiro de 1967, que rendeu 250 contos.
Foi precisamente no dia 28 de Janeiro de 1967, com pompa e circunstância, que se inaugurou o edifício, completamente remodelado, do Hospital do Avelar. A Direcção Administrativa da Fundação de Nossa Senhora da Guia, constituída por Alfredo Dias Coelho, José Godinho Mendes Lopes e Isabel Teixeira Baptista, tinha razões de sobra para se sentir feliz, com a concretização do seu projecto. Ao acto inaugurativo, para além de muito povo, compareceram o Ministro das Obras Públicas, Eng.º Arantes e Oliveira, o Ministro da Saúde e Assistência, Dr. Neto de Carvalho, o representante da Câmara de Ansião (por motivo de doença do Presidente), Vereador Manuel Ferreira, os Deputados pelo Círculo de Leiria, Dr. Furtado dos Santos e Dr. Ernesto Lacerda; Director-Geral dos Hospitais, Dr. Coriolano Ferreira, o Governador Civil de Leiria, Olímpio Duarte Alves, o Juiz Corregedor do Círculo de Leiria, Dr. Rocha e Cunha, o Juiz da Comarca de Ansião, Dr. Ferreira da Cunha, o Sub-Delegado de Saúde do Concelho, Dr. António Amado Freitas, e ainda o Comandante de Companhia e Secção da GNR, o Provedor da Misericórdia de Ansião, os Presidentes das Câmaras de Alvaiázere, Figueiró dos Vinhos e Penela, o Comandante do Corpo Activo dos Bombeiros Voluntários de Ansião e muitas outras individualidades do Concelho.
O Hospital do Avelar foi, ao longo de todo século XX, a melhor sala de visitas da mais industrial vila do concelho. Comícios, Conferências, Festas e Discursos na Primeira República; Festas, Discursos e Grandes Recepções no período do Estado Novo. Vimos acima que ali foram recebidos dois Ministros em simultâneo; no dia 4 de Março 1972, esteve lá o Ministro da Saúde e Corporações, Dr. Baltazar Rebelo de Sousa; mas uma das recepções mais imponentes foi, sem dúvida, a que o Povo do Avelar fez ao primeiro Prémio Nobel Português, Doutor Egas Moniz, que teve lugar no dia 29 de Julho de 1950.
Sobre o Avelar, não deixe de consultar o seguinte blog:http://avelar.blogs.sapo.pt/