VIAJANDO NO TEMPO...e no espaço!

Julho 31 2013

António de Oliveira Salazar

 

Manuel Augusto Dias

 

Na História de Portugal, foi o estadista que mais tempo chefiou um governo, desde 1932 até 1968. Considerado por muitos como o “Salvador da Pátria”, após os tempos conturbados da Primeira República, acabou por se eternizar no poder, graças ao um regime totalitário a que ele chamou “Estado Novo”. Nascido em 1889, em Santa Comba Dão, acabaria por falecer no dia 27 de julho de 1970, completam-se agora 43 anos.

António de Oliveira Salazar, de seu nome completo, nasceu em 1889 em Santa Comba Dão, distrito de Viseu. Oriundo de uma família de pequenos proprietários agrícolas, à semelhança do que aconteceu como muitos outros jovens da sua idade e condição social, fez a sua formação académica em ambiente fortemente marcado pelo catolicismo, tendo frequentado o Seminário de Coimbra durante vários anos.

A influência religiosa assim adquirida durante os estudos nunca mais o abandonaria. Estudante e depois Professor na Universidade de Coimbra teve como colega e grande amigo um sacerdote que viria a ser, mais tarde, o Cardeal Patriarca de Lisboa, Manuel Gonçalves Cerejeira, ele próprio também docente universitário.

O seu ingresso na política fez-se através do Centro Académico da Democracia Cristã (CADC) de Coimbra, que constituiu um dos veículos de oposição católica à Primeira República. O primeiro passo significativo da carreira política de Salazar - que viria a revelar-se demasiado longa - é justamente a sua eleição como deputado católico para o Parlamento republicano, em 1921. Compareceu apenas a uma sessão da Câmara dos Deputados, sem fazer qualquer intervenção, e afastou-se em definitivo da cena parlamentar.

Implantada a Ditadura Militar, na sequência do Movimento Militar de 28 de Maio de 1926, comandado pelo General Gomes da Costa, Salazar exerceria por poucos dias o cargo de Ministro das Finanças, que prontamente abandona por divergências de fundo com os militares, que eram quem controlava todo o poder político.

Regressará ao Poder em 1928, para as mesmas funções, mas impondo as suas próprias condições que o transformariam num superministro, com poderes para desenvolver uma política rigorosa de controlo da máquina do Estado, condição indispensável para o combate à crónica crise financeira nacional. O seu êxito neste campo solidifica a sua posição, de tal modo que ascende em 1932 à chefia do Governo (Presidente do Conselho de Ministros), onde se manterá até 1968.

Em 1933, após a aprovação da nova Constituição, inicia a estruturação de um Estado autoritário (que designa por Estado Novo), com semelhanças nalguns aspetos com a Itália de Mussolini. Oliveira Salazar será durante quase quatro décadas o máximo responsável do governo português, reservando para si a chefia do Executivo e, em momentos de crise, assegurando a pasta da Guerra, do Interior ou dos Negócios Estrangeiros.

Com uma imagem paternal de dirigente dedicado exclusivamente à governação (a sua vida privada quase deixa de ter significado), acompanha todos os aspetos da vida nacional, dirige ou condiciona fortemente todas as áreas do Governo, julga conflitos entre os seus próprios apoiantes ou colaboradores mais diretos e acaba por deter um poder político efetivo muito mais vasto e indiscutível que os presidentes da República que permite que sejam eleitos.

Manterá até ao fim da sua vida política a hostilidade ao parlamentarismo, a confiança nas elites iluminadas, nunca alterando um discurso sempre fortemente marcado pelo Catolicismo e pelo Anticomunismo. Permanece ligado a conceitos imperiais na defesa de um Portugal desde o Minho a Timor, mesmo quando o quadro político internacional sofre transformações radicais e o País se encontra envolvido numa guerra colonial em três frentes: Guiné, Angola e Moçambique. A sua figura simbolizará o regime por ele idealizado, criado e gerido durante décadas - será mesmo a sua figura protetora, obsessivamente presente, um dos maiores obstáculos à consolidação do seu sucessor, Marcelo Caetano.

O Estado Novo criado por Salazar iria sobreviver, com numerosos sobressaltos, à sua morte política (ocorrida num vulgar acidente doméstico que teve como consequência a sua incapacidade para continuar no exercício de funções e a perda da noção das realidades) e à sua morte física (que teve lugar em 1970), vindo a cair unicamente com a revolução do 25 de Abril de 1974.

publicado por viajandonotempo às 15:06
Tags:

Julho 2013
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9
10
11
12
13

14
15
16
17
18
19
20

21
22
23
24
25
26
27

28
29
30


ÍNDICE DESTE BLOG:
arquivos

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Novembro 2022

Setembro 2022

Julho 2022

Junho 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Tags

todas as tags

pesquisar
 
mais sobre mim
contador
subscrever feeds
blogs SAPO