O ANO DA MORTE DE D. MARIA I
D. Maria I foi a última princesa a nascer no Palácio da Ribeira e que viria a ser a primeira rainha titular do Reino de Portugal e das suas descobertas e conquistas. Aí nasceu no dia 17 de dezembro de 1734 (menos 21 anos depois, o Palácio seria destruído pelo grande Terramoto de 1 de novembro de 1755). Morreria no Brasil, no dia 20 de março de 1816, há 203 anos.
Para não ser posta em causa a dinastia de Bragança, foi negociado o seu casamento com o seu tio paterno, D. Pedro, 17 anos mais velho. O casamento teve lugar no dia 6 de junho de 1760, na “Barraca Real” (D. José, após o Terramoto e as suas réplicas recusou-se a dormir num palácio de pedra, por isso foi construída uma gigantesca tenda de pano e madeira, onde viveu até ao fim dos seus dias).
Assumiria o trono no dia 24 de fevereiro de 1777, data da morte de seu pai, D. José I, contra a vontade do todo poderoso Marquês de Pombal, que seria expulso do governo, para se refugiar no exílio interno, em Pombal.
No que respeita ao seu reinado, apesar de ter apostado em muitas coisas contrárias à orientação pombalina (daí o nome de “viradeira”) não deixa de merecer destaque o desenvolvimento que promoveu no âmbito cultural e científico. Fundou a Academia Real das Ciências, a Real Biblioteca Pública da Corte e a Academia Real da Armada. Durante o seu reinado foram enviadas várias missões científicas a terras do Império, nomeadamente, Brasil, Angola, Cabo Verde e Moçambique. Fundou também a Casa Pia de Lisboa, que tinha como objetivo principal a educação e proteção de órfãos e também a reeducação de jovens mendigos e vadios, com recurso ao trabalho.
Nos finais do século XIX, a sua instabilidade mental, fez com que o príncipe D. João assumisse a regência do Reino. Concorreram para essa debilidade cerebral vários factos, entre os quais, a morte do marido (e tio), em 1786; a morte do filho e príncipe herdeiro, D. José, em 1788; e o avanço e radicalismo da Revolução Francesa, que em 1792 havia condenado Luís XVI à guilhotina.
Como se tal não bastasse, Napoleão havia de decretar a invasão de Portugal que faria com que a Corte tivesse de procurar refúgio do outro lado do Atlântico e no hemisfério Sul. Portugal ficaria sujeito à vinda e ida das forças napoleónicas, que por três vezes aqui cometeriam as maiores atrocidades. Para nos ajudar contra os invasores acabaria por se instalar em Portugal, a nossa velha aliada Inglaterra, que dominaria a vida política e económica até à Revolução Liberal de 1820, que o Sinédrio haveria de levar a efeito, obrigando a Família Real a deixar o Rio de Janeiro, sob pena de transformar o regime político em República.
O ano de 1816, o último da sua vida, uma vez que morreu com 81 anos, no dia 20 de março de 1816, ainda se encontrava no Brasil, entretanto, elevado à nova categoria administrativa de Reino. O novo título do nosso país passou a ser Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Nesse ano, deste lado do Atlântico, Beresford ainda detinha o poder político-militar, mas também se constituiu o Sinédrio, que haveria de lhe retirar o poder ao fazer triunfar a Revolução Liberal no Porto, no dia 24 de agosto de 1820.