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Maio 15 2020

SALAZAR RECUSA NEGOCIAÇÕES COM A ÍNDIA

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No dia 15 de maio de 1953, há 67 anos, o chefe do Governo Português, Oliveira Salazar, recusou uma nova proposta de negociações com a Índia, para a transferência de soberania dos territórios sob administração portuguesa. Em resultado desse comportamento, a Índia de Jawaharlal Nehru anuncia o fecho da delegação em Lisboa, que concretizaria a 11 de junho.

Oito anos depois, mais concretamente, no dia 18 de dezembro de 1961, aquele país acabou por recorrer à força das armas para anexar o secular Estado Português da Índia. Convém recordar que Portugal foi o primeiro país europeu a chegar à Índia, no reinado de D. Manuel I, graças à bem sucedida viagem de Vasco da Gama (1497-1499).

Depois disso, Portugal criaria em Goa a capital de um império que se caracterizava sobretudo pelo domínio de pontos estratégicos que garantiam aos portugueses o quase exclusivo das rotas marítimas no Índico e no Pacífico, que permitiam a chegada à Europa, via Portugal, de toda a espécie de mercadorias existentes naquelas longínquas paragens.

Mas a história secular da presença portuguesa havia de ter um fim. Na manhã de 17 de Dezembro de 1961, uma força estimada em cerca de 50 mil homens, apoiados por equipamento militar de ponta, com capacidade ofensiva por terra, ar e mar dirige-se ao território português com vista à sua imediata conquista. Nos nossos territórios, as forças militares eram exíguas: cerca de 3500 homens e mal armados, com espingardas de fabrico checo (Kropatchek de 1892) que tinham que ser recarregadas após cada tiro, enquanto que do lado indiano já se recorriam a armas automáticas e tinham o apoio da aviação militar e de várias embarcações de guerra, entre as quais um porta-aviões.

Salazar ainda pediu ajuda britânica, no âmbito da velha aliança, só que a Índia era membro da Commonwealth, e a conjuntura internacional era claramente adversa à posição portuguesa, pelo que a ocupação por parte da União Indiana ficou decidida em cerca de 36 horas.

De Lisboa, Salazar dava ordens expressas para que as forças portuguesas lutassem até ao último homem. Contudo, os comandantes militares no terreno sabiam que não tinham qualquer hipótese e acabaram por render-se.

É conhecida a carta de rendição, assinada pelo Major Tenreiro, cujo conteúdo aponta para a tentativa de evitar o massacre da população e a destruição da própria cidade: «Cidade de Goa, 18/12/61 / O Comandante Militar da Cidade de Goa declara que deseja parlamentar com o Comandante do exército da União Indiana com respeito à rendição. Nestas condições, as tropas portuguesas devem, imediatamente, cessar fogo e as tropas indianas proceder de igual modo com o fim de evitar a chacina da população e a destruição da cidade. O Comandante; (as.) Acácio Tenreiro (Major)».

Meio ano mais tarde, um navio português foi buscar os prisioneiros a Goa, mas os mesmos seriam mal recebidos em Lisboa, escoltados pela polícia militar, por serem considerados “traidores” ao não terem lutado até à morte. Alguns dos seus comandantes foram mesmo sujeitos a julgamento militar. A Índia portuguesa continuou a ter representação na Assembleia Nacional até 1974. Depois da “Revolução dos Cravos” as relações diplomáticas com a Índia foram, finalmente, restabelecidas.

Em Portugal, mesmo algumas personalidades políticas opostas à “situação”, tiveram ações de repúdio relativamente à atitude da União Indiana e do seu Presidente. No dia 12 de maio de 1987, o antigo território português de Goa passou a ser o 25.º Estado da Índia, um dos que oferece maior qualdiade de vida em todo o país.

publicado por viajandonotempo às 14:50

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