COLUMBANO BORDALO PINHEIRO
Nunca é demais realçar a importância que tem a arte, como capacidade de síntese das várias dimensões humanas (racional, emotiva, ou corporal). Conhecer e compreender a arte produzida pelo grupo cultural de pertença é indispensável à construção da nossa própria identidade pessoal e coletiva. Também não é menos verdade, que o contacto com a produção artística de outras culturas e civilizações nos permite entender melhor o que temos de original, e contribui, igualmente, para ampliar nossa perspetiva acerca do mundo que nos rodeia.
Vem tudo isto a propósito, do nome que hoje recordamos – Columbano Bordalo Pinheiro, considerado um dos maiores pintores portugueses do século XIX. Nasceu há 155 anos, ou seja no dia 21 de Novembro de 1857, em Lisboa, no seio de uma família de artistas, que desde muito o novo o ambientou, com tudo aquilo que é o tradicional instrumental da oficina de pintura: telas, tintas, pincéis. Mas para além dos meios, o jovem Columbano herdou também o gosto pela pintura.
Seu pai, Manuel Maria Bordalo Pinheiro, foi gravador, escultor e pintor, bem como outros membros da sua família. Era irmão do importante caricaturista Rafael Bordalo Pinheiro, autor do famoso e apreciado “Zé Povinho”.
Iniciou a sua formação, aos 14 anos de idade, na Academia de Belas-Artes de Lisboa, onde foi aluno do famoso escultor Simões de Almeida, mas já era portador de muitos conhecimentos trazidos de casa, que por vezes complicaram a tarefa dos seus mestres.
Um deles que talvez melhor terá compreendido este discípulo especial foi Miguel Ângelo Lupi que muito o incentivou a prosseguir os seus estudos, que concluiu em 4 anos, quando o desenvolvimento normal do currículo apontava para 7 sete anos. Pouco depois, conquistaria o seu primeiro prémio artístico – uma medalha de prata.
À semelhança do que acontecia com a maior parte dos pintores, Columbano rumaria a Paris, usufruindo de uma bolsa de estudo oferecida pelo rei D. Fernando II (viúvo de D. Maria II) que sempre patrocinou as artes. Em Paris terá sido influenciado por pintores da craveira de Manet e Degas. Na Grande Exposição de 1882, apresentou o seu famoso “Soirée chez Lui” no Salão de Paris, que deslumbrou os exigentes críticos de arte da cidade do Sena.
Este quadro encontra-se, actualmente, exposto no Museu de Arte Contemporânea de Lisboa com o título “Concerto de Amadores”.
De regresso a Lisboa, juntou-se aos artistas do Grupo do Leão, por referência à Cervejaria do Leão onde se costumava juntar um grupo de artistas bastante promissor, que, mais tarde, viriam a figurar entre os grandes nomes da pintura portuguesa. Entre eles destacamos os seguintes: Henrique Pinto, José Malho, João Vaz, Silva Porto, António Ramalho, Moura Girão, Rafael Bordalo Pinheiro, Ribeiro Cristino, Alberto d'Oliveira, Rodriges Vieira e Cipriano Martins.
São deste período alguns dos seus mais célebres retratos, como é o caso de Ramalho Ortigão, Teófilo Braga, Eça de Queirós e Antero de Quental. São ainda da sua autoria os painéis que se encontram na sala de recepções do Palácio de São Bento (Assembleia da República), os painéis dos “Passos Perdidos” e o tecto do Teatro Nacional.
Columbano evidenciou sempre um grande talento e uma irrepreensível superioridade técnica, que lhe valeu a ser nomeado, no início do século XX, professor de pintura da Escola de Belas-Artes de Lisboa. Contudo, mais tarde o seu temperamento difícil criou-lhe incompatibilidades com os alunos, levando-o a afastar-se do ensino.
Ainda em 1900, assume-se como artista consagrado e volta a participar no salão da Exposição Universal de Paris onde obtém medalha de ouro
Após o triunfo da República, com o êxito da Revolução de 5 de Outubro de 1910, foi nomeado, pelo Governo Provisório, membro da comissão encarregada de estudar o modelo do que seria nova bandeira nacional. Como era o único pintor dessa Comissão é de crer que terá sido um dos responsáveis pelo modelo adoptado como bandeira nacional a 1 de Dezembro de 1910.
Columbano executou belas pinturas murais com temas históricos que podemos observar ainda na Câmara Municipal de Lisboa, no Palácio das Necessidades e no Museu Militar.
Em 1914, Columbano Bordalo Pinheiro é nomeado Director do Museu Nacional de Arte Contemporânea, sucedendo ao ilustre pintor Carlos Reis.
Columbano Bordalo Pinheiro viria a falecer, na mesma cidade onde nasceu, em 1929.