Ansião depois de Abril
No dia 18 de novembro de 1974, há 45 anos, o Governador Civil de Leiria, Joaquim da Rocha Silva, conferiu posse, no Salão Nobre do Governo Civil, à Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Ansião, em conjunto com as novas Comissões Administrativas das Câmaras da Batalha, Caldas da Rainha, Nazaré, Peniche e Porto de Mós. Estas comissões administrativas foram nomeadas por portarias de 11 e 13 de novembro do Ministério da Administração Interna.
No caso de Ansião a mesma Comissão Administrativa, que era presidida por um dos fundadores do Partido Socialista na Alemanha, o advogado José Emídio de Figueiredo Medeiros, reunia pela primeira vez, três dias depois, a 21 de novembro de 1974, no gabinete do Presidente da Câmara.
Esta data em que se completam os 45 anos de gestão democrática, importante para o novo e efetivo poder autárquico, foi escolhida por mim e pela autarquia ansianense para lançar a minha última publicação intitulada “Ansião depois de Abril”. Foi no sábado passado, dia 23 de novembro de 2019, no Centro Cultural de Ansião, a partir das 15 horas.
Esta obra, encomendada pela autarquia ansianense há já alguns anos, vem na sequência dos estudos anteriores “O Município de Ansião na Primeira República” (1998), “Ansião e o Estado Novo” (2000) e pretende fazer a história do município de Ansião desde a Revolução do “25 de Abril de 1974”. Tem 436 páginas, 180 imagens, 26 quadros e revela várias centenas de nomes de homens e de mulheres que ao longo destes 45 anos exerceram cargos políticos na Câmara, Assembleia Municipal, Executivos das Juntas de Freguesia e Assembleias de Freguesia. O prefácio é da autoria de Fernando Ribeiro Marques que foi o autarca que mais tempo presidiu à Câmara Municipal (cerca de 20 anos) e que também foi Presidente da Assembleia Municipal durante dois mandatos (oito anos). Ao todo 28 anos ligados à autarquia.
A obra desenvolve-se por 5 capítulos principais: 1 - A Questão Política (onde para além de se falar no impacto do “25 de Abril” no concelho se trata da gestão autárquica, referindo todos os nomes dos autarcas, a nível de município e de todas as freguesias, destacando naturalmente os nomes daqueles que exerceram os cargos de Presidente de Câmara e de Presidente da Assembleia Municipal) 2 - Vias de Comunicação, Abastecimento de Água, Urbanismo e Empreendedorismo (trata-se de toda esta temática, colocando-se o grande destaque nas vias de comunicação, no abastecimento de água a todo o município e no esforço de industrialização que tem sido feito nas últimas décadas); 3 - Ensino, Cultura e Lazer (para além do ensino público dá-se conta da criação do ensino profissional, dos espaços culturais, do Complexo Monumental dos Condes de Castelo Melhor, que junta os mosaicos romanos a uma residência acastelada dos finais da Idade Média e dos 3 jornais e uma rádio que existem no concelho); 4 - Saúde e Segurança (referem-se os Centros de Saúde, Hospital, Bombeiros, Misericórdias e Instituições Assistenciais); e 5 - Associativismo (são referenciadas as largas dezenas de associações existentes, mas fala-se, também, daquelas que tendo origem noutros tempos continuam a existir e a ser acarinhadas pelos ansianenses, como é o caso, entre outras, das suas filarmónicas). Há ainda uma cronologia de 92 páginas que faz menção a muito do que se fez e não coube no corpo da obra.
Espero que noutros municípios, deste distrito e do país, se elaborem obras semelhantes para memória futura do que foram os primeiros anos da democracia autárquica.