A 2.ª Guerra Mundial terminou há 64 anos
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A história humana do nosso planeta está profundamente marcada pelo fenómeno da guerra. Desde a invenção da escrita, há cerca de 6 mil anos, se adicionarmos apenas os anos em que houve paz, não ultrapassaremos seguramente os 3 séculos; ou seja 57 séculos de guerra para apenas 3 de paz!
Este número deve fazer-nos pensar, nos motivos que os homens arranjam para estarem, quase permanentemente, a cogitar na eliminação dos seus semelhantes.
Dadas determinadas características especiais (que têm a ver sobretudo com o número de países envolvidos e com as consequências em termos de mortalidade), convencionou-se designar apenas por Guerras Mundiais os conflitos bélicos de 1914-1918 e 1939-1945.
Este último terminou, há 64 anos, com a incondicional rendição do Japão, assinada a bordo do encouraçado “USS Missouri”, na Baía de Tóquio, após o lançamento das duas bombas atómicas, sobreHiroshima e Nagasaki, em 6 e 9 de Agosto de 1945, respectivamente.
Estes bombardeamentos atómicos, desencadeados pela Força Aérea dos Estados Unidos da América, foram umas das páginas mais negras e vergonhosas da nossa história colectiva.
As estimativas para o total de vítimas desta guerra não são unânimes, mas a maioria sugere que cerca de 72 milhões de pessoas morreram durante a guerra, ou seja, cerca de 26 milhões de soldados e 46 milhões de civis (nestes se incluem, evidentemente, as vítimas do terrível holocausto).
A bomba atómica, lançada pela 1.ª vez e, até agora, única vez, em contexto real de guerra, tinha o objectivo prioritário de apressar o fim da guerra, já que, por um lado, os americanos eram os únicos a possuir este tipo de armamento e, por outro, teriam muitas dificuldades em levar de vencida, pelos métodos clássicos, esse poderosíssimo inimigo que era o Japão.
Nem os americanos nem ninguém conhecia bem os efeitos catastróficos e irreversíveis de tal arma, quer naqueles que foram vítimas directas, quer naqueles que nasceram depois e continuaram a morrer por causa do lançamento destas bombas.
Assim se compreende que a comunidade internacional tudo tenha feito, e continue a fazer, no sentido de inviabilizar o lançamento deste tipo de armamento e de impedir que apareçam novas potências nucleares. É, sem dúvida, um esforço que se elogia.
O Tratado de Interdição Completa de Ensaios Nucleares, também conhecido pela sigla CTBT (Comprehensive Nuclear Test Ban Treaty), proíbe quaisquer explosões nucleares, quer para fins militares quer para fins civis. Este Tratado foi assinado em Nova Iorque, no dia 24 de Setembro de 1996, por 71 países, entre os quais se incluem 5 dos 8 estados que possuíam armas nucleares. Felizmente, hoje, o CTBT já foi subscrito por 176 nações e ratificado por 135.
A opinião pública, em geral, sabe que o início da 2.ª Guerra Mundial se deve ao fracasso negocial da Sociedade das Nações, que não foi capaz de evitar a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) nem a ascensão expansionista de Hitler.
Por isso, no fim da Guerra, teve de pensar-se na fundação de uma nova instituição internacional com os mesmos propósitos da SDN, mas com uma maior eficácia. Assim, surgiu a Organização das Nações Unidas, em Junho de 1945, declarando como principais objectivos assegurar a paz e a cooperação a nível internacional.
Fazendo um rápido balanço da acção da ONU, ao longo destas 6 décadas e meia de existência, pode considerar-se bem sucedida na medida em que não houve mais nenhuma guerra mundial, mas, infelizmente, houve muitas em vários pontos do Planeta que continuam a matar, a destruir, a mostrar um homem como um ser muito pouco racional. A terminar, deixo uma crítica que me parece pertinente, o funcionamento muito pouco democrático do Conselho de Segurança que continua a privilegiar 5 países em relação aos demais, garantindo-lhe a permanência ad eternum naquele órgão e o direito de veto.