A Revolta Republicana de
31 de Janeiro de 1891
Rua 31 de Janeiro no Porto
Completaram-se no passado domingo 119 anos sobre a primeira tentativa de implantação da República em Portugal. Foi no coração do Porto, no dia 31 de Janeiro. A evocação desta efeméride assumiu este ano a maior relevância pelo facto de ser o ano do Centenário da República. O programa das Comemorações no Porto foi bastante rico e contou com a presença do chefe de Estado e do Governo.
Os revolucionários do “31 de Janeiro” não conseguiram os seus intentos, mas espalharam a semente revolucionária que havia de germinar 19 anos mais tarde, a 5 de Outubro de 1910.
No Porto tinha triunfado, 71 anos antes, a Revolução Liberal (24 de Agosto de 1820) e os utópicos republicanos do final de oitocentos achavam que havia de ser na mesma cidade que se teria de hastear também, pela primeira vez, a bandeira republicana. E assim foi, de facto. Por alguns momentos na Praça de D. Pedro (actual Praça da Liberdade), no antigo edifício da Câmara Municipal do Porto esteve içada a bandeira do Partido Republicano, enquanto o Dr. Aves da Veiga (licenciado em Direito na Universidade de Coimbra), uma das figuras mais destacadas do 31 de Janeiro, se dirigia ao povo que ali se concentrara, desde a varanda da fachada principal dos Paços Municipais, proclamando a República e divulgando a constituição do novo governo.
Praça de D. Pedro, coração da cidade e da tentativa revolucionária, em 31-1-1891
O Governo Provisório da República tinha a seguinte constituição: Rodrigues de Freitas, Joaquim Bernardo Soares, José Maria Correia da Silva, Joaquim Azevedo Albuquerque, José Ventura dos Santos Reis; Licínio Pinto Leite, António Joaquim de Morais Caldas e Alves da Veiga.
A capital do Norte era, efectivamente, um dos centros de maior dinamismo conspirativo contra a Monarquia decadente que juntava, entre outros descontentes, estudantes, militares, jornalistas e juristas.
Naquela madrugada o Batalhão de Caçadores 9, constituído sobretudo por sargentos (entre o punhado de oficiais que participaram, destacaram-se o capitão Leitão e o alferes Malheiros), dirigiu-se aos antigos Paços do Concelho do Porto (hoje esse edifício não existe, foi demolido para construir a Avenida dos Aliados), aclamando e vitoriando a República. Para além do Dr. Alves da Veiga, tiveram um envolvimento empenhado no movimento revolucionário do Porto, João Chagas, Basílio e Bruno Teles.
Nos primeiros instantes, a vitória parecia estar do lado dos revoltosos, mas entretanto houve uma surpreendente reviravolta. Quando as tropas revolucionárias, constituídas por militares e civis, subiam a Rua de Santo António (actual 31 de Janeiro), para tentarem a aliança da guarda municipal, esta disparou sobre os revoltosos. Estes recuaram e refugiaram-se no edifício da Câmara, mas não conseguiram evitar a derrota. Para ela muito terá contribuído também a transferência, poucos dias antes, de alguns quadros superiores do exército estacionado no Porto para outros quartéis do país. Assim, foi mais fácil à guarda municipal conseguir reagir com eficácia e suster o movimento, acabando por frustrar a tentativa revolucionária. Seguiu-se, naturalmente, a repressão sobre os revoltosos, na sua maioria militares (alguns oficiais, mas muito mais sargentos e soldados) que foram levados para bordo de navios ancorados no porto de Leixões, onde seriam julgados por Conselhos de Guerra e condenados a penas entre 18 meses e 15 anos de prisão mais de duas centenas de pessoas.
A Revolta Republicana da madrugada de 31 de Janeiro de 1891 no Porto foi ainda, e sobretudo, uma reacção da alma patriótica republicana ao humilhante Ultimato Inglês de 11 de Janeiro de 1890. Várias vilas e cidades do País estavam preparadas para aderirem, de imediato, ao movimento e proclamarem a República nos respectivos municípios. Mas, a notícia do fracasso arrefeceu os ânimos e foi preciso esperar quase mais vinte anos para que o sonho republicano se tornasse realidade.
O Directório Republicano em 1891, após a realização de um Congresso do partido a 5, 6 e 7 de Janeiro desse ano, era constituído por:Manuel de Arriaga, Sebastião de Magalhães Lima, Bernardino Pinheiro, Manuel Jacinto Nunes, Francisco Azevedo e Silva, Francisco Homem Cristo e Teófilo Braga. Para a Junta Consultiva do partido foram eleitos:Latino Coelho, Elias Garcia, Rodrigues de Freitas, Zófimo Consiglieri Pedroso, Teixeira de Queirós, Bettencourt Rodrigues e Sousa Brandão.
No dia 30 de Janeiro a comissão revolucionária, no Porto, decidiu avançar com o levantamento das tropas da cidade nas horas seguintes. Quem eram os principais líderes da revolta?Sampaio Bruno, João Chagas, Alves da Veiga, Santos Cardoso, alferesMalheiro, capitãoLeitão, tenenteManuel Maria Coelho[na época], foram os principais responsáveis pela tentativa revolucionária.
Alguns dos heróis do 31 de Janeiro de 1891
Dr. Alves da Veiga
Capitão Leitão
Alferes Malheiro