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Outubro 30 2013

FAZ 84 ANOS QUE MORREU

 

António José de Almeida foi um importante ativista do movimento republicano português e maçon como muitos outros republicanos do seu tempo.

Nasceu no dia 27 de julho de 1866 em Vale da Vinha (Penacova) e faleceu em Lisboa, no dia 31 de outubro de 1929, completam-se amanhã 84 anos.

Revelar-se-ia extremamente popular pelos seus dotes oratórios. De grande empenhamento político, seria muito relevante a sua participação na preparação das intentonas revolucionárias de 1891 (1.ª Revolta Republicana do Porto) e de 1908. Esteve igualmente envolvido na Revolução triunfante no dia 5 de Outubro de 1910, que instauraria a República.

O seu combate contra o regime monárquico, em acentuada corrupção e decrepitude, acentuou-se tanto no Parlamento (tendo sido eleito para as duas últimas legislaturas da Monarquia), como na imprensa (fundou e dirigiu vários jornais, o mais importante e prestigiado foi, sem dúvida, o República, em Janeiro de 1911; e escreveu artigos bastante incisivos contra o regime político vigente, como o “Bragança, o Último”, em que atacava o monarca e o regime). Era ainda aluno da Faculdade de Medicina, em Coimbra, quando publicou esse artigo no jornal académico “Ultimatum”. Foi considerado insultuoso para o rei D. Carlos, que o processou. Defendido pelo Dr. Manuel de Arriaga, apanharia três meses de prisão.

Terminado o seu curso em 1895, seguiu para Angola e, depois, para S. Tomé e Príncipe, onde exerceu a sua profissão de médico, até 1903. Nesta data regressou a Lisboa, tendo, pouco depois, partido para França para estagiar em várias clínicas, donde regressou no ano seguinte. Em Lisboa de novo, teve consultório, primeiro na Rua do Ouro, depois no Largo de Camões, entrando, ao mesmo tempo, na vida política ativa. Nesta condição, foi candidato pelo Partido Republicano, em 1905 e 1906, tendo sido eleito deputado nas segundas eleições, em agosto de 1905. No ano seguinte, em plena Câmara dos Deputados, sobe acima da mesa, e apela aos soldados, que haviam sido chamados para expulsar os deputados republicanos do Parlamento, para que proclamem de imediato a República.

Estabelecida a República, coube-lhe em 1910 assumir o Ministério do Interior, do Governo Provisório Republicano, o que provocou um grande desgaste da sua figura, pois teve de enfrentar graves problemas de ordem social.

Revelaram-se tão profundas as divergências, pessoais e políticas, com outro importante republicano, Afonso Costa, e outros democráticos, que António José de Almeida protagonizou uma importante e definitiva cisão no Partido Republicano Português, vindo a criar o seu próprio partido: Partido Republicano Evolucionista, bastante mais conservador. Apesar desta cisão no panorama político-partidário republicano, acederá a chefiar o Governo da União Sagrada, acumulando o desempenho dessas funções com as de Ministro das Colónias, no momentoem que Portugaldecide entrar na Primeira Guerra Mundial.

Segue-se o interregno sidonista,em que AntónioJoséde Almeida é perseguido. Findo o domínio político de Sidónio Pais, com a sua eliminação física, é eleito Presidente da República, em 1919.

Nessa qualidade visitará o Brasil, quando naquele país se registava uma forte corrente nativista que se exprimia por actos xenófobos contra os portugueses. António José de Almeida, com os seus invulgares talentos oratórios, consegue minimizar os efeitos desta onda contestatária.

Em toda a vigência da Primeira República (1910-1926), foi o único Presidente que completou o seu mandato. Efetivamente, o período inicial da República Portuguesa, caracterizou-se por uma grande crise social e política, agravada após o fim da 1.ª Guerra Mundial, bem demonstrada no facto de ter nomeado 17 governos e de se terem registado numerosas alterações da ordem pública, a mais grave das quais seria a “Noite Sangrenta”, ocorrida de 18 para 19 de Outubro de 1921 (as suas motivações nunca foram inteiramente explicadas; sabe-se apenas que um grupo de marinheiros amotinados atravessou Lisboa, deixando atrás de si um rasto de sangue, tendo sido assassinados, entre outros, o chefe do Governo António Granjo e o contra-almirante Machado Santos).

O insigne estadista republicano, António José de Almeida, sofrendo de gota, passou os últimos anos numa cadeira de rodas, vindo a falecer no dia 31 de outubro de 1929, há 84 anos.

publicado por viajandonotempo às 23:11

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