A Batalha do Buçaco foi há 210 anos
No dia 27 de setembro de 1810, fez anteontem 210 anos deu-se a Batalha do Buçaco entre o exército aliado, formado por contingentes britânicos e portugueses, com a ajuda de milícias portuguesas, comandado por Wellington, e o exército francês comandado pelo marechal do Império Napoleónico, Massena.
A batalha que se deu na Serra do Buçaco foi a primeira derrota francesa durante a 3.ª invasão. Apesar das baixas, o marechal Massena continuou o seu caminho de morte e destruição no sentido de Lisboa, mas não passará das Linhas de Torres Vedras.
Cerca de 120 mil homens ficaram frente a frente, a 27 de setembro de 1810, na batalha do Buçaco.
No início do século XIX, a serra do Buçaco, ao contrário do que acontece hoje, era um lugar desolado e pedregoso. Devido aos seus pontos altos, a cerca de 500 metros de altitude, foi ali que se travou a mais importante batalha da 3.ª invasão francesa. Wellington comandava cerca de 32 000 portugueses e pouco mais de 20 000 britânicos.
Massena dispunha de 65 000 homens. Os aliados reforçaram-se e ocuparam posições numa linha elevada, ao passo que os franceses se espalharam pelo sopé dessa linha. Essa foi a vantagem tática do exército luso-britânico que pôde colocar a sua artilharia em posições mais elevadas à posição do inimigo. O início dos confrontos ocorreu por volta das 6 horas da manhã. No fim da batalha, quase 6 mil mortos (3/4 deles eram soldados napoleónicos).
O marechal Massena não conseguiu evitar a derrota, mas dado o número de militares que comandava, resolveu prosseguir por várias estradas na direção da capital portuguesa.
Por outro lado, a vitória de Wellington dá-lhe algum tempo para recuar para as Linhas de Torres, onde irá impedir o avanço do exército francês. Mas este, na sua deslocação para Sul, cometeu as maiores atrocidades sobre a população portuguesa.
As fontes não são muitas, mas são as suficientes para se poder concluir da tragédia que foram estas invasões. Em toda a história de Portugal, nunca o nosso povo e o território estiveram sujeitos a tal destruição e massacres.
Dos inúmeros exemplos e testemunhos de morte, provocada direta e indiretamente pelos invasores napoleónicos, evocamos os seguintes: há uma Inscrição, num Cruzeiro, junto à então Vila da Figueira da Foz, no preciso sítio onde teriam sido sepultados, em vala comum, 5 000 portugueses que «em três mezes morrerão á força da fome, e do contágio»; na diocese de Coimbra, a tragédia do contacto com os franceses foi divulgada num opúsculo de 14 páginas, “Breve memoria dos estragos causados no Bispado de Coimbra pelo exercito Francez, comandado pelo General Massena”, elaborado a partir das informações que deram os respetivos párocos, e, sem contar com elementos relativos a 27 freguesias, de um total de cerca de 300 (portanto só não há dados de cerca de 1/3) os franceses provocaram 2969 mortes, incendiaram 20 aldeias e queimaram 1144 casas; logo após o combate do Buçaco, na cidade de Coimbra, a 1 de outubro de 1810, os franceses deixaram as ruas «pejadas com objectos e géneros destruídos vandàlicamente» e praticaram nos arredores incríveis atrocidades, queimando casas e aldeias, assassinando centenas de pessoas, entre as quais idosos, mulheres e crianças; já em Santiago da Guarda, concelho de Ansião, para fugir ao horror do flagelo imposto pelos invasores, entre outubro de 1810 e abril de 1811, o respetivo pároco e muito povo fugiram para a parte Norte do rio Mondego, registando aquele, num apontamento provisório, a lista dos que por lá morreram ou que os franceses mataram.