Há 615 anos, na cidade do Porto, nasceu uma das figuras mais ilustres da História de Portugal, devido ao seu protagonismo nas Descobertas Portuguesas.
Cá dentro, continua a ser uma personalidade muito discutida, dividindo-se os vários investigadores, que a têm estudado em teses quase sempre discordantes e às vezes pouco abonatórias da fama que granjeou. Talvez por isso, haja grandes surpresas quando, os alunos que actualmente frequentam o ensino secundário, não sabem responder à pergunta de quem foi o Infante D. Henrique. Talvez por isso, o Presidente da República, logo no início das comemorações do 6.º centenário do seu nascimento, tenha dito ser preciso desmistificar o Infante.
Uma coisa é, no entanto, certa - trata-se de uma individualidade de proa, ligada à façanha portuguesa dos Descobrimentos. Só por isso, é mais que justa a homenagem que o Porto e o País lhe prestaram entre 4/3/1994 e 4/3/1995.
Os motivos que o moveram à Acção que deu aos portugueses o lugar de grande destaque que têm na História Universal, esses são mais problemáticos e de difícil precisão.
Tenho para mim, que as razões mais fortes que o impeliram para a Expansão, foram mais de ordem política, económica e militar do que religiosa e ainda menos científica.
Na gestão de uma grande fortuna, a da Ordem Militar de Cristo (herdada dos Templários), sediada em Tomar, de que se tornou Governador e Administrador, logo a seguir ao êxito da Conquista de Ceuta (1415), o Infante D. Henrique que também era Duque de Viseu e Senhor da Covilhã, era, na conjuntura do primeiro quartel de quatrocentos, a pessoa mais indicada para ombrear com um projecto desta envergadura - daí que o rei D. João I, seu pai, lha tenha atribuído!
E ele que sempre se mostrou um militar confesso (como o eram todos os nobres dignos desse estado social), que era um «cruzado piedoso, ardente de fervor religioso e indómito na luta contra os infiéis» (como lhe chamou o Professor Luís de Albuquerque), levou-a a cabo com eficiência e redobrado sucesso.
As velas das embarcações portuguesas que descobriram, ao seu serviço e mando, ilhas, terras firmes, mares e gentes, no Atlântico Ocidental e Sul, ostentavam a Cruz de Cristo em sinal da religião que se pretendia dilatar e em testemunho da Ordem que financiava tal empresa. Ao longo de três reinados consecutivos (D. João I - seu pai, D. Duarte - seu irmão e D. Afonso V - seu sobrinho) e por um período de 35 anos, milhares e milhares de quilómetros quadrados foram devassados, na busca do que havia «para lá do mar»!
Era o início duma Aventura que havia de trazer aos portugueses, muita riqueza e prestígio, mas também muitos tormentos e mortes. O Infante D. Henrique ficou como «símbolo das vontades e dos esforços anónimos de navegadores, de cosmógrafos, de mercadores e de aventureiros» ao serviço de Portugal, e, ao fim e ao cabo, do mundo inteiro.